Fluvicola nengeta

Hábitat

Vive nas margens de rios, lagoas e outros corpos d’água, nas imediações de sedes de fazendas e em algumas cidades, muitas vezes longe da água, ou até mesmo junto à corregos e esgotos. Também observado perto de pequenos reservatórios de água, próximo de casas na borda da floresta de Pedra Talhada.

Embora seja típica do nordeste brasieiro, essa espécie vem expandindo a sua área de ocorrência, possivelmente por causa das alterações ambientais, tendo sido registrada em alguns estados das demais regiões do país^1,2,5,7.

Locais de observação dos ninhos

Quebrangulo, Alagoas (47 ninhos), Altamira, Bahia (1 ninho), Monte gordo (Vargem da Meira) Bahia (1 ninho), Arcos, Minas Gerais (5 ninhos),

Ninho

Tem o formato de uma bola com a entrada lateral, construída com palhas de capim, intercaladas com pedaços de casca de cobra, folhas, teias de aranha, pequenos fios de tecidos ou barbantes, às vezes algodão, com o interior abundantemente preenchido com penas e penugem. O ninho muitas vezes é colocado em um arbusto, geralmente bem visível, voltado em direção à água. Também nidifica em arbustos ou árvores de baixa altura, longe da água. Um dos ninhos estudados foi encontrado sob os telhados, entre as vigas e os ladrilhos, ou em um galpão (no centro de um rolo de corda pendurado sob uma viga e em uma cela de cavalo suspensa).

Dimensões: profundidade interna 7 cm, diâmetro externo pequeno 11 cm, diâmetro externo grande 14 cm, altura externa 14 cm, entrada interna de diâmetro 5 cm, entrada de comprimento 4,5 cm (12 ninhos). Peso 45 g (1 ninho).

Pesquisas realizadas no Rio de Janeiro demonstram que a espécie reproduz em ambiente urbano, conforme a observação de três ninhos construídos apoiados em um holofote sem uso, a 2 m de altura do solo, numa área aberta, com vegetação rasteira, cercada por edificações e com intenso fluxo de pedestres. De acordo com os pesquisadores, os três ninhos foram construídos no mesmo local a cada ninhada, sem aproveitamento de material e os corpos d’água mais próximos estavam a cerca de 100 m e 200 m do local, respectivamente um lago artificial e um rio canalizado⁶.

Dezenove ninhos encontrados por outros pesquisadores em Minas Gerais tinham forma alongada e ovalada. A forma alongada foi encontrada em locais de fixação precária, como cabos elétricos, suportes de isolantes de cabos elétricos fixos a postes e extremidades desfolhadas de galhos sobre a água. Havia um prolocamento do ninho, como uma cauda, projetando-se para baixo à partir da base e resultante da maior quantidade de material utilizado na construção, que era pouco sólida e estava precariamente apoiada, permitindo a sua destruição pelas chuvas. A forma ovalada foi encontrada em vegetação mais densa, como Citrus sp., Bougainvillea sp., e outras plantas similares. Essa forma era construída de maneira mais compacta e melhor apoiada do que a alongada³.

Ovos

Média de postura de 2,6 ovos (40 ninhos). Os ovos são brancos ou com algumas manchas marrons-bordô, ferrugem ou malva no polo arredondado. Tem o formato oval ou oval pontudo. Dimensões: 20,0 x 14,7 mm (60 ovos). Peso 2,2 g (57 ovos).

Em Minas Gerais, pesquisadores verificaram que em 6 posturas observadas houve uma variação de 1 a 3 ovos, com dimensões médias de 18 x 14 mm e peso médio de 1,8 g. A coloração de todos eles era branca com pintas marrons esparsas no polo rômbico e ocasionalmente presente em menor quantidade no polo oposto³.

Incubação

15 dias (x ninhos).

Conforme pesquisas realizadas no Rio de Janeiro, a incubação durou 15 dias, em um único ninho monitorado, e apenas a fêmea incubou os ovos, possivelmente também durante a noite⁶.

Jovens

Têm a pele cinza-escura com abundantes e longos tufos de penugem branca, formados por pequenos filamentos finos e ramificados. O bico é cinza escuro com comissuras amarelo claro e a garganta é amarelo brilhante. Observou-se um caso em que os jovens eram desigualmente desenvolvidos: um pesava 13,5 g e o outro apenas 7,5 g, porém os dois sobreviveram e voaram do ninho. (ninho: QB 179/85, 07.04.85)

Permanência dos jovens no ninho:

De 13 a 14 dias (2 ninhos), 15 dias (1 ninho).

Comportamento

Geralmente muito ativo, sempre em movimento e vagando incessantemente pelo chão em busca de insetos. É fiel ao seu território, onde constrói seu ninho, vive aos casais e às vezes é visto vocalizando em dueto.

Machos e fêmeas constroem o ninho em 7 a 15 dias, mas são capazes de construir um segundo mais rapidamente se o primeiro ninho for perturbado.

As observações realizadas por outros pesquisadores no Rio de Janeiro indicaram que apenas a fêmea incubou os ovos e o macho se mostrou mais ativo na defesa do ninho, atacando outras aves e pessoas que se aproximavam do local. A fêmea permaneceu no ninho 55% do tempo de observação, que foi de 24 horas. Os períodos do dia em que a fêmea ficou menos tempo no ninho foram entre 06:00 e 08:00h e entre 12:00 e 14:00 h. Nos cinco dias seguintes à eclosão dos filhotes a fêmea ainda permaneceu no ninho 42% do tempo de observação (10 horas), passando a não mais permanecer a partir do sexto dia, coincidindo com o aparecimento dos primeiros canhões das penas nos corpos dos ninhegos. Os pesquisadores relatam que a dieta oferecida aos ninhegos foi aparentemente constituída apenas por artrópodes e do total de 194 itens registrados em 12 horas de observação, 66% foram levados pelo macho e 34% pela fêmea⁶.

Um outro estudo realizado em Minas Gerais mencionou que a prole que saiu dos ninhos pela

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