Ramphocelus carbo

General Informations

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Wingspan

Nests : location, seasons and description

Hábitat

Áreas de várzeas próximas a florestas, matas ciliares e de galeria

Locais de observação de ninhos

Alto Parnaiba, Maranhão (9 ninhos), Rio Doce, Minas Gerais (4 ninhos), Caseara, Tocantins (3 ninhos), Poconé, Mato Grosso (1 ninho), Camaçari, Bahia (1 ninho).

Ninho

Em forma de um copo, sustentado lateralmente em vários galhos finos ou em uma bifurcação vertical, entre 1 a 2,5 m do solo ou da água.

Os ninhos se encontravam em moitas de Tucum (latim), em Caseara; em “palmeiras de espinho”, em Poconé; em um limoeiro, em Camaçari e em várias moitas de brejo, em Rio Doce.  As paredes externas do ninho são feitas de palhas de gramíneas secas, pecíolos e fragmentos de folhas secas de palmeira, de tiririca-do-brejo e cipos. O interior é forrado com raízes finas e flexíveis. Diâmetro interno 7 cm, diâmetro externo 10 cm, altura interna 4,5 cm, altura externa 6 cm (2 ninhos).

Outro pesquisador no estado do Pará relatou a preferência dessa espécie em construir o ninho em palmeiras, entre 5 e 12 m de altura, geralmente na parte média da folha, utilizando a raque central como base e os folíolos como suporte.

Nesses locais, os ninhos têm bordas mais grossas feitas com gravetos e inflorescência de uma planta Meliácea (Guarea sp.), além de caulículos, folhas secas, musgos, radículas, etc. As medidas externas eram 130 x 110 mm e o conjunto pesava 117 gramas.1

Um ninho em uma pequena árvore Manacá estava colocado numa forquilha, tinha o formato de um cesto com o aspecto de uma bolsa. Outros ninhos situados em suportes verticais também tinham o mesmo aspecto, pois o ângulo variável promoveu a adaptação do ninho ao seu sustentáculo. O pesquisador mencionou ainda que o que particulariza os ninhos é a arrumação e o arranjo da parte externa que dá a sua forma e o sustenta ao local, variando conforme o apoio1.

Dentre cinco ninhos registrados na Venezuela, um deles estava a 1,5 m de altura em meio a densos arbustos, em um terreno baixo ao lado de um riacho, e o outro situava-se a 2,1 m, em meio a uma capoeira com árvores jovens. Os demais estavam em emaranhados verticais de trepadeiras verdes, a cerca de 1,2 m sobre um pequeno riacho. Segundo os autores da pesquisa, o ninho era um copo aberto compacto, composto por radículas, fibras de lianas, palhas de gramíneas e outros materiais vegetais similares. A câmara incubatória era feita com raques finas de folhas compostas e outros materiais finos. O ninho mediu 10 cm de diâmetro por 8,8 cm de altura. A cavidade tinha 6,3 cm de diâmetro por 3,8 cm de profundidade3.

Eggs and young

Ovos

Postura média de 2,9 ovos (10 ninhos). A cor de fundo é azul claro, pontilhado com algumas manchas pretas escuras ou arroxeadas, mais concentradas no polo rômbico. Tipo oval a oval curto. Dimensões: 22,7 x 18,2 mm, peso: 3,6 g (3 ovos).

Nos ninhos estudados por outro pesquisador no estado do Pará, a postura foi de dois ovos de cor de fundo azul, apresentando também tons esverdeados. Os ovos tinham manchas escuras e arredondadas, às vezes riscos, mais destacados no polo rômbico e dimensões médias de 21,5 x 16,2 mm com peso médio de 3,6 g.1

O pesquisador na Venezuela indica uma postura de dois ovos nos ninhos encontrados em seus estudos. Estes ovos tinham a coloração azul, marcado com preto e tons de marrom e lilás. As marcas geralmente eram manchas finas, arredondadas ou rabiscos concentrados no polo rômbico, às vezes em forma de uma coroa. Suas dimensões médias foram de 21,9 x 16,4 mm.3

Incubação

Um pesquisador no estado do Pará monitorava o período de choco dessa espécie, mas no décimo dia os ovos foram predados e não foi possível observar o dia da eclosão e o tempo preciso da incubação.1

Contudo, uma pesquisa na Venezuela registrou que o período de incubação é de 12 dias.3

Ninhegos

Ao quatro dias de nascidos têm a pele de cor arroxeada, revestida por uma fina e esparsa penugem acinzentada. As comissuras do bico são amarelas e a garganta é cor de laranja escuro. As pernas e dedos são esverdeados.

De acordo com a pesquisa realizada no estado do Pará, os ninhegos recém eclodidos têm os olhos fechados, a pele ocre-avermelhada e a ponta das asas e região ocular enegrecidos.  A parte superior do bico é um pouco menor que a inferior e têm coloração avermelhada, assim como as pernas e pés1.

Permanência dos jovens no ninho

11 dias em um ninho de Alto Parnaiba – MA.

Na Venezuela, os jovens filhotes permanecem no ninho por 11 ou 12 dias e voam quando já possuem plumagem opaca semelhante à da fêmea, porém com as comissuras do bico ainda esbranquiçadas3.

General behavior

Comportamento geral

 Frequentemente se move em grupos de 3 a 4 indivíduos, podendo formar bandos bem maiores que normalmente se comunicam entre si por meio de chamadas curtas. Às vezes se expõem muito pouco e andam entre os juncos e arbustos das várzeas em busca de insetos, mantendo-se fiéis ao seu território. No período da reprodução, machos e fêmeas constroem o ninho e alguns casos de poligamia foram observados, com a fêmea sendo acompanhada por mais de um macho, parceiros ou ajudantes no ninho.

Após a eclosão, a fêmea se encarregou da alimentação dos ninhegos, enquanto o macho somente a acompanhava e raramente ajudava na alimentação.

Em uma ocasião, após a predação dos ovos, uma fêmea realizou uma segunda postura no mesmo ninho.

Um pesquisador no estado do Pará mencionou essa espécie como sendo sociável e costumeiramente encontrada em pequenos bandos, com predominância de um dos sexos, que normalmente convivem sem embates, exceto com eventuais invasores aos locais próximos de seus ninhos. Têm preferência por capoeiras e áreas de cultivo abandonadas, com vegetação em diferentes estágios de crescimento, o que às vezes dificulta a sua observação e de seus locais de nidificação, podendo, contudo, chegar à parques e pomares em locais onde não são perseguidos.1

Conforme observado pelo pesquisador, no período da reprodução, somente a fêmea coleta material e constrói o ninho, dispendendo cerca de quatro dias para tanto, enquanto o macho somente a acompanha, ou a observa, pousado próximo, enquanto vocaliza. A criação dos filhotes, porém, é feita por ambos os sexos, sendo que a fêmea permanece por mais tempo nas horas de sol ou chuva intensos e durante a noite.1

O pesquisador relatou a provável ocorrência de poligamia, seja pela posse de mais de uma fêmea pelo macho ou pela presença de ninhos muito próximos, embora o comportamento monogâmico fosse evidente na corte para acasalamento e cuidados dos filhotes por ambos os adultos.1

Ambos também alimentaram os ninhegos, sendo que o macho passou a ter maior participação a partir do quarto dia, embora a fêmea fosse mais constante nessa tarefa. Após a alimentação dos filhotes, os adultos recolheram, engoliram ou descartaram longe os sacos fecais.1

Segundo o autor da pesquisa, os adultos alimentam-se e oferecem aos ninhegos frutos e bagas de acordo com a disponibilidade de cada uma delas ao longo do ano. Os frutos identificados pelo autor foram paxiúba Socratea exorrhiza, Arácea Anthurium sp., abiú Pouteria caimito, sapoti Achras sapota, além de banana e goiaba. Também se alimentam de insetos, dentre eles himenópteros e dípteros, coletados nas folhas de arbustos e palmeiras.1

Registros da alimentação feitos por outro pesquisador na região de Manaus, atestam que a espécie é uma das mais frequentes consumidoras e uma das principais dispersoras dos frutos da embaúba Cecropia concolor.2

Pesquisadores em Trinidad mencionam que frutos e insetos fazem parte da sua dieta e geralmente são coletados no estrato médio da vegetação, até 3 metros de altura, pouca vezes alcançando 15 metros4.

Os frutos em sua maioria são engolidos inteiros, mas, ocasionalmente, quando são maiores, o pássaro arranca pequenos pedaços com o bico ou os esmaga para diminuir seu tamanho. Também se alimenta de frutos duros e espinhentos de algumas bromélias epífitas. Eles manipulam o fruto com o bico, engolem a polpa e as pequeninas sementes e deixam cair a casca com os espinhos.4

Foi visto pegando néctar em flores de árvores e cipós nos níveis mais altos do que quando se alimenta de frutos e insetos. Uma das flores identificadas foi a de uma planta leguminosa Dioclea guianensis, das quais a ave perfura e rompe a base da flor possivelmente para consumir o néctar. Para os autores da pesquisa, é a única espécie da família que utiliza essa estratégia alimentar.4

As observações da reprodução na Venezuela demonstraram que somente a fêmea construiu o ninho e incubou os ovos, com o macho participando da criação dos ninhegos no sexto dia após a eclosão.3

Field notes

Entre em contato com a autora para mais informações: info@avesbrazil.org

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