Tachyphonus rufus

Habitat

Espécie de ampla distribuição comumente encontrada em áreas abertas, como bordas de mata, clareiras, florestas secundárias, capoeiras, áreas de vegetação arbóreo e arbustiva do cerrado e da caatinga, assim como em plantações e jardins^{4, 8}. Pode ser encontrada também em áreas urbanas, como praças ou parques arborizados^{1, 7}.

Locais de observação dos ninhos

Quebrangulo, Alagoas (20 ninhos); Monte Gordo, Bahia (3 ninhos); Arcos, Minas Gerais (3 ninhos).

Época de reprodução

De abril à maio em Quebrangulo e em novembro-dezembro em Arcos. Em ambas as localidades estes meses correspondem a época chuvosa.

Outros pesquisadores registraram um período reprodutivo que vai de fevereiro a maio no Rio Grande do Norte⁶, outubro a março no Pará e em outubro no Mato Grosso⁴.

O ninho

Construído em forma copo baixo, localizado na bifurcação de galhos no meio de um arbusto e entre a estipe e a bainha de uma folha de palmeira, a baixa altura do solo, entre 0,5m e 1,50 m de altura. Os ninhos são construídos com pecíolos de folhas secas, algumas pequenas hastes e fibras vegetais cuidadosamente dispostas em círculo. As paredes externas são camufladas com pequenas folhas secas e o interior é preenchido com radículas finas e filamentos pretos de fungo (Marasmius sp.). Ninhos com dimensões de: diâmetro interno 7 cm; diâmetro externo 12 cm; altura interna 7 cm e altura externa 8,5 cm (6 ninhos). Peso de 70 g (1 ninho), 29 g (2 ninhos) e 35 g (1 ninho).

Outros pesquisadores encontraram ninhos construídos de forma semelhante, mas que estavam entre 1,2 e 6m acima do solo, ocasionalmente foram encontrados ninhos a uma altura de 12m⁴. No norte do estado da Bahia, a espécie foi registrada construindo seu ninho em forma de tigela (= copo raso) quase que ao nível do solo, podendo também estar localizado dentro de bromélias, em arbustos e nas folhagens de pequenas palmeiras⁵.

Análise de um ninho de 35 g:

Elementos externos:

118 folhas de gramíneas de 5 a 20 cm, 11 Cipós finos, 10 longos filamentos de troncos de bananeira, 10 fibras de cascas de árvores, 2 folhas secas grandes

Elementos internos:

35 radículas finas escuras, 26 filamentos pretos Marasmius sp., 19 fio finos de cascas de árvores.

Os ovos

Postura de 2 à 3 ovos por ninho. O fundo dos ovos é bege claro com muitas manchas e linhas sinuosas marrom-escuras, às vezes formando uma coroa ao redor do polo arredondado. Apresentaram forma oval, com dimensões de 24 mm por 18 mm (12 ovos) e peso de 3,8 g (9 ovos). Outros pesquisadores encontraram informações semelhantes para o número de ovos por ninho e peso dos ovos^{3, 4}.

Período de Incubação

O período de incubação teve duração de 13 dias (2 ninhos) e 15 dias (1 ninho). Já outros pesquisadores registraram um período de incubação com duração entre 14 e 15 dias^{3, 4}.

Os Jovens

Nascem com a pele do corpo cinza escuro arroxeado, com os flancos e ventre de cor bege, revestidos com penugens esparsas e muito finas de coloração cinza ao longo da linha dorsal. O bico e as comissuras são amarelos pálidos e a garganta é vermelho-alaranjada. Perto de voar, os jovens têm plumagem marrom clara, asas mais escuras. Tíbias e tarsos são cinza violáceo escuro, os dedos são rosados com as unhas bege.

Permanência dos jovens no ninho

O período de permanência dos jovens no ninho teve duração de 13 a 15 dias (5 ninhos).

Comportamento geral

Geralmente andam aos pares e preferem deslocar-se por entre a vegetação evitando voar por espaços abertos. Mas podem participar de bandos mistos com outras espécies de aves¹⁰. Quando buscam alimento investigam a folhagem de arbustos e árvores em busca de insetos, larvas, frutas, bagas, sementes e néctar ^{4, 8, 10}.

Alimenta-se de diversos frutos, incluindo frutos comerciais como o mamão (Carica papaya) e a goiaba (Psidium sp.)⁴. Além de frutos de cactos como é o caso do mandacaru (Cereus jamacaru). Na falta de alimento, já foram vistos nos arredores de fazendas a procura de grões de arroz ou milho. Além dos frutos, sua dieta é rica em invertebrados, fazem parte dos seus itens alimentares: formigas (Formicidae), besouros (Coleoptera), percevejos (Hemiptera), moscas (Diptera), aranhas (Araneae) lagartas e mariposas (Lepidoptera) e esperanças (Tettigoniidae). Ocasionalmente, podem se alimentar de formigas-correição e em cupins voadores (Isoptera)⁴.

Muito discreto, vocaliza pouco e emite um chamado monossilábico enquanto se deslocam. Macho e fêmea constroem o ninho e a fêmea participa mais ativamente da incubação dos ovos. Outros pesquisadores observaram comportamento semelhante, onde apenas a fêmea participa da incubação dos ovos^{9, 4}. Além disso, outras pesquisas relatam que ninhos da pipira-preta (Tachyphonus rufus) foram parasitados pelo chupim (Molothrus bonariensis) ^{2, 4}.

Em todos os ninhos observados, os dois adultos alimentaram regularmente os filhotes. O alimento consiste principalmente em bagas fornecidas inteiras e polpas de frutas. Quando estão em busca de alimentos os adultos constantemente emitem pequenos gritos, curtos e graves.

Entre em contato com a autora para mais informações: info@avesbrazil.org