Ammodramus humeralis

Habitat

Espécie com ampla distribuição no Brasil, habita áreas abertas como campos secos com gramíneas, campos arborizados, cerrados, pastagens exóticas^{5, 13}, savanas, locais com capim alto, chegando até os pampas no sul do Brasil^{6, 9}. Ocorre também em áreas de regeneração², plantações ^{2, 3} e em áreas urbanas^{7, 10, 11}.

Locais de observação dos ninhos

Arcos, Minas Gerais (8 ninhos); Quebrangulo, Alagoas (4 ninhos); Jeremoabo, Bahia (1 ninho), Poconé, Mato Grosso (1 ninho)

Época de reprodução

Essa espécie não parece ter época muito bem definidas, mas em geral acompanhou a estação chuvosa : Quebrangulo, em março-julho; Arcos e Poconé em outubro- dezembro,

No norte da Bahia, em Jeremoaba, um ninho foi localizado em janeiro, mas as chuvas são muito irregulares nesta região.

Outros pesquisadores registraram um período reprodutivo que vai de abril a agosto ou de setembro a fevereiro dependendo da localidade ⁶.

Ninho

Construído em formato de copo raso com ervas secas e raízes, numa depressão no solo, muitas vezes na base de um tufo de gramíneas. As vezes, a ave constroi o seu ninho no meio de talos de capim compridos. Ele as dobra de maneira a formar uma bola. O ninho entâo parece ser um forno com entrada lateral.

Com as seguintes dimensões: Diâmetro externo 10 cm; diâmetro interno 5,5 cm; altura externa 6,5 cm (8 ninhos) e peso de 25 g (2 ninhos). A altura externa nem sempre é mensurável, uma vez que o ninho está frequentemente embutido no solo.

Outros pesquisadores encontraram informações semelhantes para o formato, composição e ambiente onde os ninhos foram construidos ^{6, 8}. As dimensões médias dos ninhos foram de 6 cm (n=3) de diâmetro interno; 5 cm (n= 4) de profundidade e 8,4 cm (n=3) diâmetro externo. Além disso, eles não observaram mais de uma postura por ninho⁸.

Análise de um ninho de 25 g de Arcos-MG

O exterior à composto de 282 folhas secas de gramíneas medindo de 2 cm a 9 cm  e 29 talos de gramineas de 2 cm à 16 cm. O interior  é do mesmo material e as vezes era forrado com muitos pendões finos de gramineas que não deu para contar.

Ovos e posturas

Posturas de 2 ou 3 ovos por ninho, média de 2,3 ovos (14 ninhos). Ovos com fundo branco acetinado, com formato variando de oval à oval-curto e dimensões de: 19,5 por 15,4 mm (19 ninhos) e peso de 2,3 g (11 ovos). Outros pesquisadores encontraram informações semelhantes para o número de ovos e suas dimensões ^{1, 4, 6, 8, 12}.

Observamos parasitismo da postura por Molothrus bonariensis nas localidades de Quebrangulo e de Arcos.

Incubação

Constatamos uma incubação de 14 dias em um ninho, mas, não sabemos se o ovo foi posto um ou dois dias antes.

Não achamos informação na literatura.

Jovens

Na eclosão os ninhegos são cobertos por uma fina penugem cinzenta, disposta em tufos e a pele é alaranjada. A garganta é vermelho-vivo, bordeada de violaceo na borda interna do bico. O bico é cinzento escuro, com comissuras labiais brancas. As pernas violáceas e unhas cor-de-rosa.

Ao voar, o jovem já parece com o adulto, o ombro já tem a mancha amarela, mas a cabeça é cinzenta e ainda não tem as 2 linhas amarelas. O esófago torna-se rosa pálido.

Permanência dos jovens no ninho

Com 11 dias em Quebrangulo-AL e com 12 dias em Poconé-MT, os jovens saiam do ninho andando a pé por entre o capim.

Outros pesquisadores registraram uma permanência de 10,6 dias em média⁸.

Comportamento geral

Espécie discreta que forrageia exclusivamente no chão⁶, voa e corre entre as gramíneas à procura de alimentos, sua dieta consiste de sementes e insetos. Graças a esse comportamento de forrageio a espécie é conhecida popularmente como “corre-corre” (corredor com pressa) como é conhecido no nordeste do Brasil. Os adultos especializam-se em usar os pés para derrubar sementes de capim que estão mais altas, permitindo que eles se alimentem delas quando estão no chão⁶.

Para cantar, o macho se posiciona encima de uma estaca ou no topo de uma pequena árvore e canta uma estrofe muito melancólica e quase sem interrupção. Para o seu voo nupcial, o macho sobe algumas dezenas de metros no ar cantando e desce com asas abertas em uma larga curva. Esta manobra pode ser repetida várias vezes seguidas, a qualquer hora do dia.

O casal constrói o ninho no chão e alimenta os jovens com insetos, especialmente lagartas. Os adultos chegam e saiem do ninho a pé. Se perturbados, os imaturos fogem do ninho para se esconderem na vegetação, muito antes de poderem voar.

Outros pesquisadores registraram um comportamento de display de distração (“comportamento de distração” ou “fingimento de lesão”), quando se aproximaram do ninho, os adultos caminharam próximo do potencial predador com as asas semi-abertas e baixas, curvadas, dando a impressão de ter dificuldade em andar e tentando atrair a atenção para eles. Quando são seguidos eles voam para longe e continuam emitindo gritos de alarme ⁸.

Entre em contato com a autora para mais informações: info@avesbrazil.org