Cyanocorax chrysops

General Informations

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Wingspan

Nests : location, seasons and description

Habitat

Florestas secundárias, preferencialmente em suas bordas, e também das matas de galeria e fragmentos florestais2,3,5,7. Ocorre desde o sul de Minas Gerais até o sul do Rio Grande do Sul, passando por São Paulo, Paraná e Santa Catarina1,7. Populações mais esparsas também podem ser encontradas nos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, além da porção sul dos estados de Amazonas e Pará1,7. Em todas essas áreas de ocorrência, C. chrysops é caracterizada como uma espécie de ave residente4.

Locais de observação dos ninhos

Arcos, Minas Gerais (10 ninhos)

O ninho

O ninho é uma plataforma ampla elaborada com diversos gravetos emaranhados entre si, formando no centro uma câmara de incubação6 abundatemente forrada com veios foliares, partes da trepadeira Aristolochia sp. e também diversas outras radículas. Essa estrutura é geralmente construída a alturas que variam entre 3 e 7 metros de altura, no estrato médio da mata5,6.

Em Arcos, Minas Gerais, obtivemos as seguintes dimensões médias para quatro ninhos com pesos entre 200 e 350 g: 27 cm de diâmetro externo, 10 cm de diâmetro interno, altura externa de 14 cm, além de uma altura interna (profundidade) de 5,5 cm. Registramos também os seguintes valores médios a partir da avaliação de dois ninhos, sendo um de 600 e outro de 700 g de peso: 28 cm de diâmetro exterior, 12 cm de diâmetro interno, 22 cm de altura exterior, 9 cm de altura interior (profundidade).

Em estudo realizado em três diferentes regiões do estado do Paraná, pesquisadores encontraram as seguintes medidas a partir das medições de cinco ninhos de C. chrysops: 27 a 32 cm de diâmetro externo, 15 a 17,5 cm de diâmetro interno, 12 a 18,2 cm de altura externa, 8,6 a 11,3 cm de altura interna (profundidade)6.

De tamanho extremamente variável alguns ninhos podem apresentar aprência frágil, uma vez que até mesmo seu conteúdo interno pode ser observado pela parte inferior do mesmo. Existem registros inclusive de ovos que caíram dos ninhos em função da presença de grandes arestas entre os gravetos utilizados em suas construções7.

Analyse de um ninho pesando 220 g:

130 gravetos finos bifurcados medino entre 10 e 30 cmde comprimento, 6 gravetos entre 30 e 50 cm de comprimento e 20 pedaços de raizese caules finos da planta trepadeira Aristolochia sp.

Eggs and young

Os ovos

Postura de 3 a 5 ovos, todos de fundo bege ou creme cobertos por manchas marrom-escuras ou púrpuras. Nossa descrição e semelhante a de outros pesquisadores da Mata Atlântica6,7. Dimensão 32,0 x 23,0 mm, peso 8,7 g (20 ovos). Forma oval a oval longo pontiagudo.

Incubação

Entre 18 e 20 dias. O mesmo periodo é indicado na literatura6.

Os jovens

Os ninhegos são completamente nus ao nascer, apresentando pele verde acinzentada na cabeça, costas e pernas, além de uma cor amarela no ventre. O esôfago apresenta-se na cor vermelha com pequenos pontos brancos no fundo e na base da língua. O bico é cinzento e com comissuras brancas amareladas.

Após atingir uma idade mais avançada, os filhotes apresentam plumagem negra com reflexos azuis logo que iniciam suas primeiras saidas do ninho. Nessa fase a parte inferior do corpo é branca e já é possível observar uma marca negra ao redor do pescoço. A cabeça é cinzenta escura com um longo arco cinzento claro e inclinado.

Permanência no ninho

Em Arcos, Minas Gerais,  registramos filhotes deixando o ninho aos 17 dias de vida, ao passo que alguns outros saíram aos 25 dias de vida.

Em estudo realizado no estado do Paraná, região sul do país, detectou-se que os filhotes permaneceram no ninho por um período de 23 a 24 dias.

General behavior

Comportamento geral

Em Arcos a gralha-picaça, ou gralha-can-can, como é mais conhecida nessa região, é tão familiar quanto a gralha do campo C. cristatellus. Ambas apresentam comportamento semelhante, mas C. chrysops é uma espécie mais florestal e na maior parte dos casos está à procura de locais onde fique sob a vegetação, como locais com alta concentração de arbustos, por exemplo, nas bordas das matas. É uma espécie de ave cooperativa sem dimorfismo sexual e que vive em bandos de 5 a 15 indivíduos, número que pode variar de acordo com a época do ano5,6.

Tem um grande repertório de vocalizações, tal como os demais corvídeos, e pode emitir tanto sons de tons suaves, melodiosos, bem como estridentes e mais incisivos. Em estudo realizado em regiões de diferentes fitofisionomias do estado do Paraná, pesquisadores registraram que grupos diferentes de gralha-picaça apresentam variação em suas vocalizações, mas não necessariamente em função de ocorrerem em ecossistemas distintos2. Além disso, houve também variação de gritos sociais entre indivíduos de um mesmo grupo2.

Dentre a gama enorme de sons que a gralha-picaça pode emitir estão repetições que essa espécie pode aprender, como sons de outras aves, mamíferos, máquinas e até mesmo palavras humanas2,5. Em Arcos ouvimos indivíduos de gralha-picaça a imitar ruídos mecânicos como o som de um trator, o som da abertura de uma porta de celeiro, além do mugido de uma vaca ou o latido de um cão.

Durante as observações que relizamos em Arcos, Minas Gerais, na maior parte dos casos essas gralhas imitaram gritos de aves de rapina, como Buteo magnirostris e Micrastur semitorquatus, ou outras aves, como o Icteridae Psarocolius decumanus. Sick também relata curioso episódio no qual observou um indivíduo de C. chrysops imitar o som do rapinante Buteo magnostris, o gavião-carijó, no intuito de espantar vários sabiás que degustavam frutas em um alimentador, e poder se alimentar de forma exclusiva5.

A gralha-picaça, assim como demais corvidae, é onívora, alimentando-se de insetos, demais invertebrados, pequenos vertebrados, sementes, frutas, ovos de outras aves, restos de alimentos descartados pelos humanos e até mesmo carcaças de outros animais2,3,5,6. Os filhotes, por sua vez, recebem preferencialmente insetos em sua alimentação.

Outra interessante e importante característica comportamental dessa espécie consiste no fato de que alguns indivíduos adultos auxiliam outros casais do grupo na criação dos filhotes2,5,6. São os “ajudantes de ninho”, os quais buscam alimentos para os ninhegos (entregam diretamente a eles ou então aos pais, que repassam aos pequenos) e também ajudam a defender o ninho contra o ataque de predadores5,6. Auxiliam também na limpeza dos ninhos, retirando sacos fecais6.

Field notes

Entre em contato com a autora para mais informações: info@avesbrazil.org

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