Cyanocorax cristatellus

General Informations

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Nests : location, seasons and description

Habitat

Ocorre em regiões com vegetação mais esparsa, ocorrendo principalmente nos biomas Cerrado e Pantanal, assim como em regiões de campos e regiões campestres de transição de biomas2, 8,9.

Até certo momento da história da conservação no Brasil acreditava-se que essa espécie de gralha era endêmica do bioma Cerrado. Porém, em um importante levantamento sobre a abrangência territorial de C. cristatellus, um pesquisador registrou que no último século a gralha-do-campo colonizou significativamente estados do Sudeste do país, acompanhando o distúrbio e as mudanças na paisagem causadas pelo desmatamento da Mata Atlântica6. Com a alteração desse bioma, originando paisagens mais abertas e secas, C. cristatellus se adapta perfeitamente a esses locais, ampliando sua área de abrangência original.

Atualmente tem-se que a gralha-do-campo ocorre, como espécie residente, regiões dos estados de Goiás, Mato Grosso, Piauí, Maranhão, sul do Pará, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, além do Distrito Federal7,8,9. Registros isolados e raros também indicam sua ocorrência no Paraná e em Santa Catarina9.

Locais de observação dos ninhos

Arcos, Minas Gerais (18 ninhos)

O ninho

O ninho tem o formato de uma taça e consiste em uma camada externa grosseira de galhos secos com uma câmara de incubação em seu interior, esta construída com veios foliares finos, lianas e pequenas raízes1.

Dimensões : diâmetro externo 38 cm, diâmetro interno 16 cm, altura externa 27 cm, profundidade 8,5 cm, peso 400 à 600 g (9 ninhos).  Assim como observado em outras espécies de gralhas no Brasil, os ninhos da gralha-do-campo também variam bastante em tamanho. Em estudo realizado no Distrito Federal pesquisadoras registraram ninhos que variaram entre 38,8 a 56 cm de diâmetro externo, por exemplo1.

Analise de um ninho de 400 g de Arcos Minas Gerais

Gravetos lisos/bifurcados : 290 unidades medindo de 1 a 20 cm, 90 unidades de 21 a 30 cm, 18 unidades de 31 a 50 cm. O interior do ninho continha 180 nervuras de folhas medindo entre 5 e 10 cm, em sua maioria da planta Papo-de-peru Aristolochia sp.

Eggs and young

Os ovos

Postura de 4 a 6 ovos de cor verde ou cinza-esverdeada com pequenas manchas marrons, além de terem forma oval pontiaguda longa. A femêa bota um ovos a cada dois dias.

Dimensões 33,2 x 23,5 mm, peso de 10 g (média de 14 ovos), forma oval pontiaguda longa.

Incubação

O período de incubação dos ovos pode variar entre 16 e 18 dias9.

Os jovens

Nascem totalmente nus com a pele em tom marrom-alaranjado, com as dobras esverdeadas. A garganta é vermelha. E possível observar que o palato e a língua apresentam pequenos pontos brancos, e que há uma mancha escura em forma de triângulo no interior do bico.

Ao atingir os 10 dias de vida a plumagem nasce em cores cinza escuro e já se pode observar a barriga e o peito ambos na cor branca. Nesse período ainda não há sinal de crista em suas cabeças.

Permanência dos jovens no ninho

18 a 20 dias (5 ninhos) em Arcos, Minas Gerais.

General behavior

Comportamento geral

A gralha-do-campo é uma espécie muito comum e conhecida pelos habitantes da zona rural do município de Arcos, Minas Gerais, e também por habitantes de outros estados onde ocorre. Move-se habilmente entre as áreas descampadas e com árvores esparsas onde vive aos grupos de 4 a 10 indivíduos, números que variam de acordo com a época do ano1,9. Assim como as demais gralhas, frequentemente vocalizam de forma estridente e muito variada, além de reproduzirem diversos tipos de sons de outras aves, mamíferos e até mesmo palavras humanas8. Imitam com certa frequência sons de aves rapinantes, de forma intencional.

Durante o período de nidificação, que ocorre entre os meses de setembro e março, o casal geralmente procura se isolar, mas às vezes é acompanhado por um ou dois ajudantes de ninho – em alguns casos apenas por um indivíduo que acompanha mesmo sem ajudar. A fêmea então bota um ovo a cada dois dias. Estudiosos inclusive já registraram fêmeas distintas realizando suas posturas em um mesmo ninho, sendo os ninhegos posteriormente atendidos por todos os indivíduos do grupo1,9. Eles alimentam os filhotes, retiram fezes dos ninhos, além de protegerem os mesmos de possíveis predadores, principalmente carcarás, gaviões e espécies de primatas1.

Sua dieta onívora é composta por sementes, frutos, bagas, invertebrados e pequenos vertebrados. De vez em quando, pega ovos de outras aves, inclusivo de galinhas domesticas. Um grupo de pesquisadores detectou C. cristatellus como o principal passeriforme predador de ninhegos de outras aves em estudo dirigido no Cerrado brasileiro4.

Já foram registrados os mais curiosos comportamentos de forrageio para esta espécie. Na região do Cerrado central do Brasil, pesquisadores flagraram três indivíduos de C. cristatellus vocalizando intensamente ao redor de uma colônia de vespas Apoica pallen56. Enquanto grande parte das vespas saía do ninho para defendê-lo das três aves intrusas, o que por sua vez deixou a colônia muito mais vulnerável e desprotegida, outras duas gralhas-do-campo aproveitavam para atacar a colônia e predar principalmente as larvas e as vespas mais jovens5. Essa gralha também pode perfurar troncos de árvores, retirando suas cascas à procura de larvas e outros insetos e presas9.

A diversa dieta da gralha-do-campo também reforça o fato dessa espécie ser uma boa dispersora de sementes. Em estudo conduzido em locais de recuperação de áreas degradadas em Minas Gerais, pesquisadores instalaram poleiros artificiais em localidades abertas no intuito de registrar quais espécies de aves o utilizariam3. Das 24 espécies registradas, C. cristatellus foi a ave mais registrada e apresentou uma frequência de quase 50% nos poleiros, enquanto que suas fezes demonstraram uma rica diversidade de sementes – o que se detectou a partir da coleta das fezes dessa espécie abaixo dos poleiros. A partir disso os autores da pesquisa salientaram a importância da instalação de poleiros artificiais em áreas de recuperação florestal, e da gralha-do-campo como uma grande dispersora de sementes que pode auxiliar de maneira eficiente nessa regeneração – devido especialmente à sua dieta versátil e abrangente3.

Field notes

Entre em contato com a autora para mais informações: info@avesbrazil.org

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(Cyanocorax cristatellus) Curl-crested jay/Gralha-do-campo