Empidonomus aurantioatrocristatus

Hábitat

Campos arborizados e áreas de cultivo e plantações.

Local de observação dos ninhos

Arcos, Minas Gerais (9 ninhos)

Época de nidificação

Outubro e novembro, em Arcos

Ninho

Em forma de taça rasa, às vezes transparente, o que possibilita a visualização de seu conteúdo quando observado por baixo do local onde está instalado, geralmente a bifurcação de galhos de pequenas árvores, entre um e três metros do solo. Ninhos foram encontrados em árvores frutíferas, como laranjeira (Citrus sinensis), Goiabeira (Psidium guajava) e Cagaiteira (Stenocalyx dysentericus) ou outras como a Imburana (Commiphora leptophloeos), o mamoeiro (Carica papaya) e a banana (Musacea sp). Também foram encontrados em uma touceira de orquídeas de jardim e até em um medidor de energia elétrica de um hangar, a 1,5 m acima do solo.

Na construção dos ninhos, foram utilizados gravetos finos, gramíneas secas, pequenas lianas, crina de cavalo e material antrópico, como fios de nylon e um pedaço de arame farpado. Tinham as seguintes dimensões médias: diâmetro externo 11,5 cm, diâmetro interno 6 cm, profundidade interna 3 cm, altura externa 5 cm (5 ninhos). Peso: 16 g (1 ninho), 26 g (3 ninhos), 46 g (1 ninho) e 60 g (1 ninho).

Análise de um ninho de 46 g:

43 lianas, peso 5 g, 36 fragmentos de casca, 5 g, 18 pedaços de arame, 36 g

Outros pesquisadores da região centro-oeste do Brasil, relataram o encontro de um ninho na forma de um cesto baixo, com cerca de 15 cm de diâmetro, situado  em uma árvore leguminosa, a 3,5 m de altura. Era construído com gravetos, sendo o seu interior forrado por uma camada de fibras vegetais mais finas⁴.

No Distrito Federal, pesquisadores encontraram ninhos numa área rural, perto de casas e estradas de terra. Estavam em árvores (inserir nomes populares) da espécie Annona crassiflora, Eriotheca pubescens, Qualea parviflora, Sclerolobium paniculatum, e Erythroxylum sp. entre 2,1 a 6,0 m de altura do solo. Os autores mencionam que a construção de um ninho observado durou seis dias⁵.

Outro pesquisador argentino, relatou que um ninho encontrado em uma árvore leguminosa Geoffroea decorticans de três metros estava a 1,9 m do solo e que o período de construção do ninho foi de 5 a 6 dias⁶.

Na Argentina, algumas observações foram realizadas sobre a nidificação dessa espécie. Uma delas, descreve o ninho em formato semiesférico, situado em uma árvore leguminosa Geoffroea decorticans, a 1,7m do solo, construído com gravetos e revestido com radículas e pequenos talos de gramíneas Suas dimensões eram de 10 cm de diâmetro, 3 cm de profundidade¹.

Um outro estudo, menciona o ninho em forma de taça, sobre uma árvore leguminosa Geoffroea decorticans, a 3,5 m do solo, construído com pequenos ramos com folhas e frutinhos secos, revestido internamente com pequenos ramos, fibras vegetais e plumas. As dimensões médias eram 12, 3 cm de diâmetro, 9,3 cm de altura e 7 cm de profundidade⁷.

Ovos e postura

Postura média de 2,3 ovos (9 ninhos). Cor de fundo branco bege, pontilhado com muitas pequenas manchas marrons e marrons arroxeadas, às vezes formando uma coroa no polo rômbico. Dimensões: 20,5 x 15,6 mm, peso 2,3 g (11 ninhos). Forma oval pontiaguda.

Numa das pesquisas na região Centro-Oeste do Brasil, foi mencionado que a postura é de dois ou três ovos curtos e de formato piriforme, com dimensões médias de 20,0 x 14,7 mm e 2,03 g de peso⁵.

Um dos estudos da Argentina, menciona a postura de dois ovos com o padrão oval, cor branco cremoso e manchas marrom escuro concentradas no polo rômbico⁶. Outro estudo, relata que a postura é de três ovos de formato oval, coloração branco-creme, com pigmentos marrons e cinzas mais concentrados no polo rômbico. Suas dimensões médias foram 19,8 x 15,3 mm e peso médio de 2,16g²

Incubação

13 dias (2 ninhos), 14 dias (1 ninho).

Em três ninhos observados no Distrito Federal, o período de incubação foi de 15, 17 e 18 dias⁵.

Um dos estudos na Argentina menciona o período de incubação em torno de 13 dias⁵, enquanto que um outro relata um período de 15 a 16 dias²

Ninhegos

Nascem cobertos com muita penugem bege revestindo a pele marrom-arroxeada muito escura, quase preta. A parte ventral do corpo e as pernas são avermelhadas e os pés e os dedos são bege. O bico é cinzento, com as comissuras amarelo claro e a garganta é rosada, com os cantos amarelados.

Quando voam do ninho, a plumagem é cinza, apresentando barras de cor marrom nas asas. O bico é cinza-escuro arroxeado e o topo da cabeça tem listras longitudinais escuras, o que faz com que os jovens sejam imediatamente reconhecidos.

Outros autores na Argentina mencionaram que os ninhegos nascem com a pele cinza-avermelhada⁶.

Permanência dos jovens no ninho

14 dias (1 ninho), 15 dias (3 ninhos), 16 dias. (2 ninhos).

Pesquisadores do Distrito-Federal relatam que os jovens permanecem no ninho por um período de 13 a 17 dias⁵.

De acordo com pesquisa realizada na Argentina, o período de permanência dos jovens no ninho era de 16 dias².

Comportamento geral

É uma espécie silenciosa e discreta. O seu canto, constituído por pequenos gritos articulados em seis ou sete partes, é emitido em baixa tonalidade e geralmente só é ouvido pelos humanos em curta distância.

Alimenta-se de insetos e normalmente fica pousado em estacas e fios de arames de cerca, pontas de galhos e fios elétricos, de onde parte para capturar as presas, geralmente em voos breves e acrobáticos. Também se move pelo chão para procurar insetos ou coletar material para a construção do ninho.

Durante a exibição da corte, produzem um bater de asas característico: um adulto se posiciona em um galho e o outro voa produzindo esse ruído.

Os dois adultos constroem o ninho, incubam os ovos e cuidam dos filhotes. Quase sempre alimentam a prole com insetos inteiros, capturados em pleno ar. Eles costumam criar duas ninhadas na temporada.

Na Argentina, foi verificado que as aves se alimentam de formigas-aladas Acromyrmex sp em maior proporção no mês de outubro e de frutos Sapium haematospermun no mês de janeiro, sugerindo que os itens de sua alimentação oscilam ao longo do ano de acordo com a disponibilidade de cada um³.

A espécie é migratória e chega a Arcos em setembro e desaparece em fevereiro.

De uma maneira geral, tem comportamento bastante calmo e sossegado, tanto que muitas vezes permite a aproximação de humanos e admite ser observado bem de perto, porém, no período reprodutivo, torna-se nervoso e agressivo, especialmente nas proximidades do ninho.

Na pesquisa realizada por outros autores na região centro-oeste do Brasil, um casal reproduziu um ano antes numa árvore leguminosa da mesma espécie, a menos de 50 metros do local do ninho atual. Os autores hipotetizam que pode se tratar do mesmo casal, que permanece fiel ao seu território de um ano a outro⁴.

Entre em contato com a autora para mais informações: info@avesbrazil.org