General Informations
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Wingspan
Nests : location, seasons and description
Hábitat
Furnarius rufus, mais comumente conhecido como joão-de-barro, é uma das aves passeriformes mais conhecidas do Brasil3,7. É muito comum nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além de áreas não florestadas no Piauí e Alagoas, segundo alguns registros realizados nesses estados10. Além de ser encontrado no Brasil, F. rufus também ocorre na Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia7,10.
Em todas as localidades desses países, o joão-de-barro é facilmente observado em paisagens que apresentem características mais abertas, tais como campos, fazendas, cerrados, pastagens, parques, jardins, ao longo de rodovias e ambientes urbanos2,7,10. Devido ao grande avanço do desmatamento no país, atualmente é possível encontrar F. rufus em ambientes que antes não era de sua ocorrência natural, como o sul do Pará, na região Norte, onde foram registrados ninhos e indivíduos da espécie em área alterada de forma antrópica7,10. No Brasil, o joão-de-barro é uma ave classificada como residente, portanto, não migra em território nacional, nem em outros países6.
Locais de observação dos ninhos
Arcos, Minas Gerais (30 ninhos), Poconé, Mato Grosso (10 ninhos).
Ninho
O ninho de consiste em uma construção elaborada a partir de barro úmido ou terra argilosa entremeados, esterco, palha e pequenos gravetos. Os diferentes nomes comuns dessa espécie advêm do tipo de ninho fechado que constrói, curiosamente em forma de forno. A entrada consiste em uma abertura em apenas um lado do ninho, que segue em uma curva à esquerda ou à direita por um pequeno corredor acompanhado por uma parede levemente em espiral até a câmara de incubação1,3,7,10. A função dessa parede no interior do ninho, que separa a entrada da câmara de incubação, é evitar a circulação constante de ar e a minimizar a entrada de predadores7,10.
O ninho é construído pelo casal, em divisão quase que exata das atividades de recolhimento de matéria-prima e elaboração do forno1. O joão-de-barro recolhe a argila ou barro úmido da beira de cursos d’água, e frequentemente das poças de chuva, forma peletes de terra e leva até o local de construção1,7,10. O trabalho é realizado a partir da elaboração da base do ninho, a qual é firmemente presa a um ramo, onde são erguidas as paredes circulares de 2 a 3 cm de espessura. Macho e fêmea constroem o forno, a partir da base até a abóboda, trabalhando sempre no interior do ninho7,10. F rufus sempre procura locais que ofereçam certa segurançã para a construção de seus ninhos, como bifurcações e inserção de galhos nos troncos das árvores em ambientes naturais, cantos de janelas, postes, placas e torres de eletricidade, sendo ambos em ambientes urbanizados1,2,4,10.
A construção do ninho pode durar entre 18 e 30 dias, sempre a depender da intensidade das chuvas nas diferentes regiões de ocorrência da espécie1,10. Em julho de 2002, em Arcos, o casal de joão-de-barro observado levou 21 dias para construir o ninho durante a estação das chuvas. Esse dado corrobora os apontamentos de diversas pesquisas realizadas e disponíveis na literatura sobre F. rufus. Todo ninho é utilizado pelo casal durante apenas uma estação reprodutiva, sendo abandonado ao fim da mesma. Sendo assim, sempre que se inicia uma nova estação reprodutiva o casal de joão-de-barro constrói um novo ninho, podendo ser muito próximo ao local do último e até mesmo ao lado ou sobre este, a depender do espaço que o casal dispuser1,7,10. Nas estradas do estado de Minas Gerais é comum ver vários ninhos, antigos e novos, lado a lado ou um em cima do outro no mesmo poste de energia.
Os ninhos abandonados pode ser ocupados por outras espécies de aves, como o tuim-de-asa-azul Forpus xanthopterygius, canário-da-terra Sicalis flaveola, andorinha-do-capo Phaeprogne tapera, bemtevi-rajado, Myiodynastes maculatus, maria- cavaleira Myiarchus sp., passaro-preto Gnorimopsar chopi, pombinha-das-almas Xolmis velata. À medida que o ninho envelhece e sua estrutura se compromete, outras espécies podem ocupar após o alargamento da entrada, como o caburé Glaucidium basilianum e a aratinga-estrela Aratinga aurea. Além de outras aves, espécies de serpentes, pequenos mamíferos e insetos também podem ocupar os ninhos abandonados10.
A orientação geografica da entrada do ninho sempre era assunto de conversa entre os moradores do campo, uns afirmando que o João-do-barro sempre constroi o seu ninho em direção contra o vento. Nos observamos que isso nem sempre é assim, pois em vários casos observamos ninhos sobrepostos no mesmo lugar dos quais as entradas eram contrárias umas as outras.
A orientação do corredor da entrada do ninho pode girar a direita ou a esquera, de forma aleatória. Em Arcos, Minas Gerais, observamos 25 ninhos, dos quais 17 apresentaram a entrada com corredor virando à esquerda e 8 ninhos com corredor virando à direita. Esses dados reforçam o que já observado em estudos realizados nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul8,9.
Outra curiosidade sobre os ninhos de F. rufus é a constatação de que a câmara interna do ninho forno pode funcionar como uma incubadora, como sugerem os resultados de uma pesquisa realizada em Curitiba, estado do Paraná8. A temperatura interna do ninho é sempre superior à temperatura externa, o que pode ser um trunfo aos adultos de joão-de-barro, que supostamente usariam isso a seu favor para poder forragear por período mais longo, enquanto os ovos permanecem na câmara incubadora8.
A altura na qual os ninhos de F. rufus podem ser encontrados varia significativamente, em um espectro de 1,5 a 20 metros acima do solo. Porém, a maior parte dos ninhos observados em Arcos e Poconé, estavam situados entre 4 e 6 metros de altura. Em estudo clássico realizado na Argentina, detectou-se que essas aves preferiam construir seus ninhos a uma altura média de 5,5 metros acima do solo3.
Em geral as dimensões dos ninhos de joão-de-barro apresentam: de 23-28 cm de largura externa; 21-25 cm de altura externa. A boca de entrada mede 8-11 cm de altura e 4-5 cm de largura. O peso é de 3 a 4 kg
. (10 ninhos).
Eggs and young
Ovos
A média de postura observada em Arcos e Poconé foi de 2,2 ovos brancos (11 ninhos). Os ovos apresentaram dimensões de 27,3 x 20,4 mm, com forma oval e peso de 5 g (20 ovos).
outros estudos, pesquisadores registram uma taxa de postura de 3 a 4 ovos por temporada reprodutiva, em uma média de 3,5 ovos por ninho3,10.
Incubação
Em dois ninhos observados nesse estudo pôde-se registrar um período de 16 dias de incubação.
Outros estudos apontam períodos entre 14 e 18 dias para a incubação de ovos de joão-de-barro, com uma média de 16 dias, o que reforça as observações desse estudo1,3,10.
Os jovens
Os jovens apresentam uma plumagem bege com reflexos vermelhos antes de deixarem o ninho. A garganta é amarelo vivo.
Permanência dos jovens no ninho
O período de 25 dias registrado para um ninho neste estudo perfaz exatamente a média de 25 dias observada em outros estudos, a partir de dados que indicam 24 a 26 dias de permanência no ninho1,3. Após esse período os ninhegos passam a explorar o ambiente externo, sob cuidados parentais que podem durar até 4 meses1,3.
General behavior
Comportamento
O casal canta um dueto. Um adulto começa a música com algumas notas soltas, o outro junta-se a ele e a música aumenta em volume e ritmo, depois diminui e termina com notas soltas. No momento do canto, tanto macho quando fêmea vocalizam sons estridentes, eriçam suas penas e balançam intensamente suas asas em postura imponente10.
Além de participarem ativamente da construção do ninho, também dividem as tarefas de incubação dos ovos e alimentação das crias1,10. O período reprodutivo ocorre de setembro a janeiro.
O joão-de-barro não é uma ave tímida, e pode ser facilmente visto forrageando ao chão, onde cisca avidamente o solo em busca de insetos, minhocas, pequenos répteis, em um caminhar característico e cômico3,10.
F. rufus tem alta adaptabilidade aos ambientes alterados e urbanizados. Em estudo realizado no Rio Grande do Sul, pesquisadores observaram que o joão-de-barro tem preferência por construir seus ninhos em ambiente urbano, mesmo que disponha de ambientes naturais à vontade4. Dos 112 ninhos contabilizados, 78 estavam em área urbanizada (70% do total)4. Essa espécie já utiliza, sendo que parte de sua população já pode até mesmo depender, os ambientes antrópicos para sua perpetuação. É possível observar que durante o período de construção dos ninhos e incubação dos ovos, os adultos de joão-de-barro que residem em centros urbanos se alimentam de insetos e restos de alimentos industrializados5. Já durante o período de cuidado parental, os mesmos alimentam-se preferencialmente de restos industrializados, ao passo que alimentam suas crias somente com insetos e minhocas5. Mesmo que aprendam a consumir alimentos industrializados, os adultos tendem a manter o instinto quando se trata de alimentar seus filhotes.
Com a alteração dos ambientes naturais, a fácil adaptação da espécie a ambientes urbanizados e ao crescimento populacional de F. rufus, já é possível registrar casos de conflito entre essa ave e as populações humanas. Um estudo realizado em Santa Catarina, região Sul, contabilizou mais de 1.500 ninhos de joão-de-barro construídos em pouco mais de 1.300 torres de energia elétrica ao longo de um linhão2. Na busca de locais seguros e o mais semelhante possível aos ambientes naturais, os indivíduos adultos acabam por estabelecer seus ninhos muito próximos ou enconstados nos dispositivos de porcelana das torres de energia, o que compromete o isolamento do sistema. Dessa maneira é comum a ocorrência de curtos-circuito na linha de transmissão de energia, sendo uma das principais causas de problemas para a companhia de eletricidade de Santa Catarina2.
Field notes
Entre em contato com a autora para mais informações: info@avesbrazil.org