Galbula ruficauda

General Informations

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Wingspan

Nests : location, seasons and description

Habitat

Vive nas bordas das florestas primárias e secundárias, nos vales florestados, matas ciliares mais úmidas e também nas mais secas de quase todo o Brasil.

Localidades

Quebrangulo, Alagoas (6 ninhos), Arcos, Minas Gerais (6 ninhos), região de Monte Gordo, Camaçari, Bahia (2 ninhos).

Período de reprodução

Fevereiro a abril em Quebrangulo e em Camaçari, na região nordeste. Setembro a dezembro em Arcos, na região sudeste.

Setembro a novembro, segundo estudo realizado no sul de Goiás, região centro-oeste1, dados que complementam ainda mais as nossas observações.

O ninho

O ninho do fura-barreira fica no fundo de um túnel construído no barro pelo próprio casal. Nós encontramos ninhos dessa espécie em barrancos, aterros de estradas e margens de rios, a alturas que variaram de 40 cm a 2 m acima do solo ou da lâmina d’água. No estudo realizado em Morrinhos, estado de Goiás, os pesquisadores também registraram ninhos construídos no barro grudado nos emaranhados de raízes altas e expostas das árvores1.

Nossa equipe também observou que durante todo o período reprodutivo (que dura cerca de 40 dias, segundo Nápoli e sua equipe1) os fura-barreiras enchem o seu ninho com restos de suas presas, como asas e outras partes de besouros. Quando os jovens vão embora do ninho é comum encontrarmos uma camada grossa de partes de suas presas que as aves não consumiram.

A partir da medição de dois ninhos chegamos aos seguintes resultados: entrada do ninho com uma média de 5 cm de diâmetro; comprimento médio do túnel de 40 cm; largura interna média do ninho de 10 x 15 cm. Podemos comparar alguns dos nossos dados com os dados apresentados no estudo realizado em Goiás, onde os pesquisadores mediram 14 ninhos e registraram as seguintes medidas: diâmetro da entrada do ninho entre 3,4 e 5,1 cm; comprimento do túnel entre 20 e 55 cm1. Percebemos então que essas medidas podem variar bastante, sempre dependendo do ambiente onde os fura-barreiras fazem os seus ninhos.

Eggs and young

Os ovos

Observamos uma postura média de 2,7 ovos brancos e de forma oval, a partir da contagem em 12 ninhos. Encontramos também a seguinte dimensão média, a partir da medição de 29 ovos: 21,9 x 18,0 mm. O peso médio ficou em 3,6 g (a partir da pesagem de 19 ovos).

Outros estudos indicam uma postura de 2 a 4 ovos brancos por período reprodutivo de Galbula ruficauda1, o que reforça ainda mais nossas observações de campo.

Incubação

18 dias (1 ninho).

17 a 18 dias, segundo o estudo realizado em Goiás1.

Os jovens

Os pequenos nascem com uma fina e longa penugem cinzenta. A maior parte da pele de seus corpos, o interior da garganta e as pernas são todas bege claro. A parte externa da garganta é laranja ferruginoso, o contorno do bico é amarelo claro e as unhas são cinzentas.

Quando já estão próximo da idade de voo os jovens já se parecem um pouco com os adultos. As jovens fêmeas já apresentam o colar na cor de ferrugem, e os machos jovens apresentam o colar na cor branca. Porém, podemos ver que ainda são jovens pois a parte inferior do corpo ainda é laranja ferruginoso pálido e o dorso ainda é cinza esverdeado.

Permanência no ninho

20 dias a 21 dias (2 ninhos).

Cerca de 21 dias, segundo estudo realizado em Goiás1.

General behavior

Comportamento geral

Essa espécie ocorre em quase todo o Brasil, desde as regiões norte e nordeste até o sudeste, principalmente1,2. Como vimos, os casais cavam túneis no barro para fazer seus ninhos, comportamento que justifica o nome que leva em Quebrangulo: fura-barreira. Mas nosso Galbula ruficauda, representante da família Galbulidae, tem os mais diferentes nomes em cada região do Brasil e pode ser até mesmo chamado de beija-flor, pois tem um bico longo e muito fino. Porém, é importante deixar bem claro que o fura-barreira não é da mesma família dos beija-flores e, portanto, não é um beija-flor!

Apesar de ser abundante em nosso país e também em outros países da América do Sul e da América Central, essa espécie é muito discreta. G. ruficauda vive aos pares ou em casal e emite um canto fino, igual um assovio curto e repetido em sequência acelerada, sempre com o bico fechado. Tem o hábito de permanecer pousado imóvel na sombra e em galhos baixos por longos períodos durante o dia.

O fura-barreira se alimenta de insetos de várias espécies, os quais captura em pleno voo2,3,4. Essas aves ficam paradas em seus poleiros com o bico levemente inclinado para cima, observando os insetos se aproximarem. Quando miram em uma presa, decolam rapidamente para capturar o inseto em voo, retornam ao mesmo poleiro e o batem vigorosamente contra um galho para amassar o inseto e torná-lo mais facilmente comestível. Um estudo realizado no Distrito Federal demonstrou que os fura-barreiras frequentemente usam o mesmo poleiro todos os dias e nos mesmos horários para se alimentar2. Ainda segundo esse mesmo estudo, aparentemente cada fura-barreira tem o seu poleiro exclusivo, o qual não é utilizado por nenhum outro indivíduo da mesma espécie2. Por causa desse comportamento, os pesquisadores sugerem que essa espécie tenha sim um comportamento territorial2, mesmo que singelo.

Fêmea e macho trabalham juntos quando cavam seus ninhos no barro, além de se revezarem para incubar os ovos e alimentar os filhotes. Notamos também que os adultos são muito fieis ao seu local de nidificação, pois em um barranco que fica na beira de um riacho e próximo a uma trilha na floresta de Quebrangulo encontramos dezenas de cavidades e túneis novos e antigos construídos por casais de fura-barreiras. Também em Camaçari e em Arcos nossa equipe encontrou ninhos utilizados pelos casais ano após ano. O compartilhamento do cuidado com os filhotes e também a fidelidade dessas aves com seus ninhos são, segundo outros pesquisadores, características muito fortes de casais de aves monogâmicas que vivem em ambientes tropicais, como é o caso do fura-barreira1.

Observamos que macho e fêmea alimentam os filhotes sempre em silêncio. Mas os filhotes, ao contrário dos pais, muitas vezes vocalizam ininterruptamente dentro do ninho, mesmo sem os adultos estarem por perto! Os pais oferecem aos pequenos exclusivamente insetos, especialmente borboletas, moscas e libélulas, como observaram os pesquisadores em Goiás1. Além disso, nossa equipe também observou um casal ofertar pequenas aranhas aos seus filhotes.

Em um curioso estudo sobre o comportamento de caça do fura-barreira, pesquisadores perceberam que essas aves podem aprender que tipo de borboleta, por exemplo, é mais seguro para ser capturada e consumida a partir da cor desses insetos3,4. Os pesquisadores observaram que os fura-barreiras costumam capturar algumas espécies de borboletas coloridas e soltá-las logo em seguida3,4. Após soltá-las, essas aves tornam a voar em volta das borboletas seguidas vezes, mas não as comem3,4. Borboletas coloridas muitas vezes são venenosas para essas aves, e suas fortes cores servem para avisar os predadores que elas podem sim ser perigosas se comidas3,4. Esse estudo revelou, então, que esse tipo de comportamento de “captura e solta” faz com que os fura-barreiras aprendam qual o tipo mais seguro de borboleta a se consumir: quando pegam uma borboleta muito colorida e percebem que são venenosas e perigosas, logo a soltam e não as predam4!

Field notes

Entre em contato com a autora para mais informações: info@avesbrazil.org

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