Hypocnemoides maculicauda

Hábitat

Habita as bordas de florestas inundáveis e arbustos nas várzeas ou nas margens de rios.

Locais de observação dos ninhos

Caseara, Tocantins (3 ninhos), Poconé, Mato Grosso (2 ninhos)

Época de reprodução

De janeiro a fevereiro, em plena época chuvosa, em Caseara ; no mês de março, já no final da época chuvosa, em Poconé

Ninho

Tem o formato de uma bolsa suspensa, situada entre 80 e 180 cm acima da lâmina da água.

É construído com diferentes fibras vegetais, principalmente fibras do tronco de palmeiras e também pelos de animais, possivelmente crinas de cavalo. O interior é abundantemente forrado com folhas secas e a abertura da entrada está localizada no meio do ninho, mas às vezes a estrutura desmorona um pouco e a entrada se estende longitudinalmente pelo ninho.

Tem o comprimento externo total de 26 cm, diâmetro externo do meio do ninho 8 cm, diâmetro interno da câmara 5 cm, peso 6 g (1 ninho). A espécie é muito territorial e costuma construir o seu ninho ano após ano no mesmo lugar. Observamos que não reformou  nem reocupou o mesmo ninho, mas constroi outro a alguma distância, de 1 a 3 metros, dependendo do local.

Em pesquisa realizada no estado do Mato Grosso, outros pesquisadores encontraram 10 ninhos em formato de bolsa, suspensos e firmemente trançados com fibras vegetais pretas e finas raízes aéreas do cipó de arraia Cissus spinosa e C. sicyoides (Vitaceae). De acordo com os autores da pesquisa, todos os ninhos estavam em arbustos situados em áreas inundadas razoavelmente abertas, aparentemente evitando manchas de vegetação mais densa, em alturas médias de 18,1 cm, com exceção de um ninho que estava a 1,5 m de altura. Os ninhos tinham uma entrada oblíqua devido a diferenças entre a parte anterior e posterior do ninho e apresentaram as seguintes dimensões :16,6 cm de comprimento, 7,4 cm de profundidade (câmara do ovo), 8,0 cm de largura externa máxima e 4,4 cm de largura interna máxima.²

Ovos e postura

Postura de 2 ovos (8 ninhos). Os ovos têm coloração violáceo escuro, com algumas manchas e linhas mais claras, especialmente no polo rômbico. Têm o formato piriforme longo com as seguintes dimensões : Em Caseara mediram 21,2 x 14,2 mm (6 ovos) e em Poconé 19,2 x 14,8 mm, peso 2 g (2 ovos). Forma oval a piriforme.

De acordo com outra pesquisa no Mato Grosso, os ovos são rosados, porém completamente marmorizados de violáceo, principalmente no polo rômbico, o que lhe atribui uma aparência geral mais escura. A postura encontrada foi de dois ovos de formato ovoide, que mediram 18,9 x 14,0 mm, 19,3 x 14,4 mm e pesaram 2,4 e 2,6 g, respectivamente.²

Incubação

16 dias (1 ninho)

Os jovens

Com cerca de 11 dias de idade as asas negras apresentam pontos brancos. A barriga e a cauda são cinza claros, o bico é preto, com comissuras amarelas, a garganta é cor de laranja claro e a ponta da língua é preta. As pernas e os dedos são cinzas.

Os estudos realizados por outros autores no Mato Grosso, mencionam que o ninhego nasce completamente nu, com a pele escura com tons arroxeados e o bico cinza, com amarelo claro nas bordas e a garganta amarelo alaranjado. Os ninhegos mais velhos, provavelmente com uma semana de idade, são cobertos com os primórdios de pena e não possuem plumas.²

Permanência dos jovens no ninho

13 dias (1 ninho) 14 dias (1 ninho)

Comportamentos gerais

Geralmente é discreto e não vocaliza muito. Procura seu alimento, especialmente insetos e outros pequenos artrópodes, em plantas trepadeiras, arbustos e também no solo.

Outras pesquisas no Mato Grosso mencionaram que essa espécie prefere florestas inundadas sazonalmente e evita ambientes mais secos, inclusive durante a estação chuvosa, sendo muito fiel ao seu território, onde vive ao longo de todo o ano sem realizar deslocamentos de longas distâncias ou até mesmo entre hábitats diferentes.

Segundo os pesquisadores, o seu período reprodutivo parece ser desencadeado pelo regime de inundações, ao invés do período das chuvas e provavelmente é o único passeriforme que adota essa estratégia reprodutiva.²

Os pesquisadores também relataram que eles constroem o ninho na mesma árvore de ninhadas anteriores e que apenas um evento de construção do ninho foi observado, tendo sido registrado somente o macho realizando essa tarefa. Contudo, tanto o macho quanto a fêmea foram observados incubando os ovos e alimentando os filhotes.² As nossas observaçoes indicaram que mesmo quando o casal vem no ninho, a femea leva mais presas que o macho. A maioria das presas são orthopteras, tais como aranhas, grilos e borboletas e em uma occasão o macho levou um girino de anfibio e outra vez um pequeno fruto branco.

Observações realizadas no Peru registraram a captura de insetos nos ramos e nas folhas de arbustos e galhos de árvores, que se sobressaem próximos da água, embora ocasionalmente possa caçar no solo ou na superfície da água, em pântanos e florestas inundáveis. De acordo com os pesquisadores, são mais detectados ao longo das margens durante a estação seca, quando as águas dos rios e várzeas das florestas estão mais baixas.¹

Um outro estudo realizado no estado do Pará, em Belém, relata que esse pássaro pode seguir colônias de formigas de correição para capturar insetos e que costuma obter suas presas próximo ou acima água, em pântanos, e raramente se expõe em áreas ensolaradas e abertas.³

Entre em contato com a autora para mais informações: info@avesbrazil.org