Machetornis rixosus

Hábitat

Paisagens abertas, pastagens e áreas urbanas, inclusive nas grandes cidades

Locais de observação dos ninhos

Altamira, Bahia (1 ninho), Arcos, Minas Gerais (7 ninhos)

Periodo de reprodução

Outubro à janeiro em Arco-MG, dezembro à fevereiro em Altamira-BA.

Ninho

As vezes ocupa ninhos também “ativos” isso à descrito pelo pesquisador

Ocupa ninhos antigos de graveteiro Phacelodomus rufifrons, de graveteiro-de-bola Anumius annumbi, de casaco-de-couro-da-Caatinga Pseudoceisura cristata ou de joão-de-barro Furnarius rufus, aos quais, geralmente, acrescenta galhos e vários outros materiais. Em um ninho de graveteiro Ph. rufifrons, ele incorporou peles de cobra. Um ninho foi construído dentro de um vasilhame e continha grama seca, palha de milho, radículas, algumas penas de galinha, pedaços de pano, muita crina de cavalo e lã de animais domésticos.

Dimensões de um ninho de A. annumbi ocupadas por M. rixosus: diâmetro externo 25 x 30 cm, diâmetro da entrada no ninho 11 cm. Dimensão do ninho interno ocupado: diâmetro 8 cm, altura interna 4 cm (1 ninho).

Outros pesquisadores, em Minas Gerais, também o observaram nidificando na parte inferior de um ninho de Phacellodomus rufifrons, e registraram os adultos cuidando dos ninhegos. Esses mesmos autores avistaram um adulto recolhendo finos gravetos no solo e levando-os para um emaranhado de trepadeiras localizadas no tronco de um mulungu Erythrina verna, a 4 m de altura⁵.

No estado da Bahia, pesquisadores mencionam que essa espécie construiu um ninho na base do pecíolo das folhas de uma palmeiras⁴.

Na Argentina, foi registrado nidificando em um ninho abandonado do furnarídeo A. annumbi e na base de folhas de palmeiras Copernica alba. Os ninhos estavam em alturas entre 1,7 e 5,5 m e o autor da pesquisa os descreve como sendo esféricos, construídos de gravetos, pedaços de casca de árvore e fibras vegetais secas, bem acolchoados com materiais macios, cerdas e às vezes penas².

Também na Argentina, outro autor menciona que essa espécie nidifica em ninhos semidestruídos ou abandonados de Furnarius rufus, Anumbius annumbi, Coryphistera alaudina, Phacellodomus spp, Colaptes melanochloros. Ele relata que nesses antigos ninhos, o pássaro constrói uma semiesfera em forma de xícara com gravetos e folhas e internamente preenche com cerdas, lã, pelos e penas. Os ninhos observados mediram 10 a 11 cm de diâmetro total, 6 a 7 cm de diâmetro interno, 4 a 5 cm de profundidade e 7 a 8 cm de altura. O tempo de construção variou de 8 a 9 dias¹.

Na Venezuela, pesquisas reforçam as nossas observações do ninho desse graveteiro⁸.

Ovos e postura

Postura média de 3 ovos (7 ninhos). Cor de fundo bege, densamente salpicado de marrom-violeta por toda a superfície, com manchas formando uma faixa contínua mais escura no polo rômbico.

Dimensões: 22,9 x 17 mm, peso: 3,5 g (3 ovos). Forma oval à oval curta.

É mencionado por pesquisadores argentinos que a postura é de três ovos, raramente quatro, de cor creme com abundantes manchas cinzas escuras, roxas e castanhas, mais densas e concentradas no polo rômbico. As dimensões médias foram de 23,5 x 17,4 mm, com peso médio de 3,4 g².

Outras pesquisas na Argentina mencionam que a postura é de 4 ou 5 ovos, do tipo ovoide, de cor creme, coberto de tiras e listras marrons e cinzas, distribuídas por toda a superfície. A média de suas medidas foi 24,0 x 17,7 mm e peso de 3,7 g¹.

Incubação

15 dias (1 ninho) em Arcos-MG.

O período de incubação observado na Argentina foi 16 ou 17 dias^1,2.

Ninhegos

Nascem sem plumas e com a pele rosada. O bico é cor de rosa-claro, com comissuras esbranquiçadas e as unhas são cinzas. A garganta é amarelo-esbranquiçado e o bico e os dedos são acinzentados Quando voam do ninho, os jovens têm plumagem semelhante a do adulto, porém com as cores mais claras. O dorso é marrom-acinzentado, o peito é amarelo claro e a penugem no topo da cabeça é cinzenta..

Em um outro estudo, em Minas Gerais, pesquisadores indicam que os jovens quando saem do ninho diferem dos adultos na cor da plumagem, principalmente por apresentarem o píleo e a garganta mais claros e a borda das penas de voo em cor ferrugínea. Também possuem a íris escura e não avermelhada como no adulto⁵.

Permanência dos jovens no ninho

17 dias (1 ninho) em Arcos, Minas Gerais.

Segundo um pesquisador na Argentina, a permanência dos jovens no ninho também é de 17 dias¹, porém um outro estudo também da Argentina menciona que os filhotes ficam no ninho entre 18 e 22 dias².

Comportamento geral

É uma espécie insetívora que vive aos casais. É observada principalmente no chão, caçando insetos e às vezes perto do gado, quando captura insetos afugentados enquanto o gado bovino pasta.

Não costumam vocalizar muito, embora emitam algumas notas de pouco alcance.

Nossa equipe observou uma nidificando em conjunto com A. annumbi, cada uma das espécies ocupando entradas diferentes para o mesmo ninho, sem que houvesse qualquer disputa entre as duas. Isso ocorreu, possivelmente, por que essa espécie não é agressiva e não procura conflito com o proprietário do ninho.

Durante a reprodução, os dois adultos alimentam e cuidam dos filhotes.

Pesquisas feitas no estado de São Paulo, registraram essa espécie seguindo capivaras, para se aproveitar de insetos afugentados por elas ou pousada em seu dorso, que servia de poleiro para ampliar a visão e facilitar a captura da presa. Os pesquisadores relataram que enquanto permanecia no dorso, ou na cabeça das capivaras, os pássaros capturavam moscas que pousavam nos olhos e nos ouvidos desses grandes roedores. Os autores também fizeram o registro da ave recolhendo e alimentando-se de carrapatos⁷.

No sul do país, no Rio Grande do Sul, pesquisadores mencionam que essa ave é a mais intimamente associada com as capivaras, seja em relação à frequência de ocorrência ou ao número de indivíduos, chegando a ser registrada forrageando insetos ao lado das capivaras em várias horas do dia, mas principalmente entre 16:00h e 20:00h. Os pesquisadores indicam, porém, que essa associação foi observada apenas em campos úmidos⁹.

Em Minas Gerais, entretanto, outros pesquisadores relatam que embora seja uma espécie predominantemente insetívora, também foi observada tentando capturar um pequeno anfíbio⁶.

Outros estudos específicos sobre as suas táticas de forrageamento, indicam ser especialista em obter o seu alimento, na maioria das vezes caminhando ou correndo sobre o solo, assim como seguindo o gado em pastagens, para capturar insetos espantados pelas reses, ou pousados em suas costas, para enxergar melhor as suas potenciais presas no entorno³.

Um pesquisador na Argentina, destaca que o casal alimenta os filhotes e pode realizar mais de uma postura por estação. Também relata que é uma espécie confiante, que se aproxima dos humanos e é facilmente observada, especialmente quando caminha ao lado do gado e de outros mamíferos para capturar insetos. O autor relata ainda que essa espécie pode caçar em pequenos saltos ou voos curtos, mas também pode ficar empoleirado nas costas e na cabeça do gado, do cervo-do-pantanal Blastocerus dichotomus e também de Capivaras Hydrochaeris hydrochaeris².

Igualmente na Argentina é relatado que essa espécie sofre com a infestação das larvas de Moscas  Philornis sp e é parasitado por Molothrus bonariensis¹

Entre em contato com a autora para mais informações: info@avesbrazil.org