Megarhynchus pitangua

Habitat

Áreas florestadas, campos arborizados e em parques nas cidades, geralmente sobre as árvores mais altas

Locais de observação dos ninhos

Arcos, Minas Gerais (5 ninhos), Quebrangulo, Alagoas (1 ninho), Camaçari, Bahia (1 ninho), Alto Parnaíba, Maranhão (1 ninho).

Epoca de reprodução

A ano todo com preferência do início o período chuvoso de fevereiro à maio no Nordeste (Quebranuglo e Camaçari) e de setembro à dezembro nas demais regiões.

Ninho

Tem formato de uma tigela não muito elaborada, situado entre 7 e 16 metros do solo, na bifurcação de galhos de árvores altas, como a Aroeira Astronium fraxinifolium em Arcos (4 ninhos), Palmeira Cocos nucifera em Camaçari (1 ninho), Eucalipto em Quebrangulo (1 ninho). Geralmente é construído com gravetos, folhas de gramínea e radículas.

Dimensões: diâmetro externo 17 cm, diâmetro interno 9 cm, altura externa 17 cm, profundidade interna 9 cm, (1 ninho).

Um ninho encontrado por outros pesquisadores em Minas Gerais estava em uma árvore a 7,5 m de altura e apresentava as seguintes dimensões: 6,6 cm de altura externa e 4,5 cm de altura interna, com 20 cm de diâmetro total e 7,5 cm de diâmetro da câmara incubatória².

Pesquisadores da Costa Rica mencionaram que os ninhos estudados foram construídos em árvores isoladas, em clareiras, nas partes desfolhadas de galhos, ou em meio à folhagem de pequenas árvores e na bifurcação de galhos robustos, junto ao tronco de árvores mortas, queimadas em uma clareira, e expostos sem proteção de sombra. Estavam em alturas de 6 a cerca de 30 m do solo (poucas vezes encontrados a 3 m do solo) e foram descritos como um copo aberto, relativamente raso. Suas dimensões médias eram de 10 cm de diâmetro interno e 4,5 cm de profundidade e eram construídos com gravetos grossos e rígidos, frouxamente arrumados, completados com hastes sem folhas de orquídeas e brotos de folhas. A camada interna era forrada com rizomas flexíveis de samambaias, gavinhas secas, pequenas folhas e radículas de epífitas. Em alguns ninhos era possível ver a luz atravessando o fundo³.

Ovos e postura

Média de postura de 2,4 ovos (7 ninhos). Fundo bege, fortemente manchado com marrom e malva. Forma oval a oval pontiaguda.

No estudo de outros pesquisadores de Minas Gerais, foi constatada posturas de três ovos, com medidas de 26,6 x 20,0 mm; 26,5 x 20,7 mm e 26,3 x 20,8 mm.²

Incubação

15 dias (1 ninho), 16 dias (1 ninho).

Na pesquisa da Costa Rica é mencionado um período de incubação mais longo, de 18 e 19 dias³.

Os jovens

Após a eclosão, a pele é cinza-escuro avermelhado revestida com penugens esparsas, finas e de cor cinza-esbranquiçada. O bico é cinza, com as comissuras amarelo brilhante e a garganta vermelho claro. As pernas e os dedos são cinza escuro.

Quando voam do ninho, os jovens têm a plumagem semelhante à dos adultos, inclusive com o branco da garganta e da linha superciliar que circunda a nuca, porém o amarelo do ventre é mais claro. Além disso, sua cauda é mais curta e o bico ainda mantém as comissuras amarelas,

Permanência dos jovens no ninho

17 dias (1 ninho) em Querangulo, Alagoas.

Os estudos da Costa Rica mencionam um período de permanência dos jovens no ninho de 23 e 24 dias³.

Comportamento geral

Geralmente visto aos pares, embora também seja encontrado solitário. Emite regularmente seu canto, consistindo em uma sucessão de sons estridentes e nasais, com tradução onomatopeica de “neinei”, o que deu origem ao seu nome popular.

Alimenta-se predominantemente de insetos e muitas vezes caça cigarras, capturando-as com o bico e em seguida batendo violentamente contra um galho antes de ser engolida. Também saqueia ninhos de vespas e abelhas. Em uma ocasião, vimos pegar um peixe na superfície de uma água rasa, por meio de um voo breve e picado sobre a água.

Também colhe frutos no poleiro ou os colhe em voo, assim como faz com os insetos³.

Nos observamos que os dois adultos constroem o ninho, incubam os ovos, alimentam os filhotes e defendem o ninho e a prole de maneira incisiva.

Em pesquisa realizada na América Central, na Costa Rica, foi observado que somente a fêmea constrói o ninho. O material utilizado é constituído por gravetos quebrados com o bico nas pontas de galhos das copas das árvores próximas ou não muito próximas do local da construção do ninho. De acordo com o pesquisador, o material nunca era recolhido no chão, nem mesmo quando os gravetos caíam no momento da construção do ninho. O macho não participava da construção e permanecia empoleirado, indolente, languidamente arrumando as penas. O autor destaca que ele às vezes acompanhava a fêmea e voltava com um graveto ou uma pequena raiz de epífita no bico. Porém ele permanecia com o material por alguns momentos, às vezes deixava cair do bico, mas nunca levava ao ninho³.

Durante a incubação o macho vigia o ninho e após a eclosão, ajuda a fêmea na criação dos filhotes. Quando os jovens saem do ninho ainda permanecem alguns meses na companhia dos pais. O autor também menciona que os tucanos eram os principais predadores dessa ave na área estudada³.

Entre em contato com a autora para mais informações: info@avesbrazil.org