Monasa nigrifrons

Hábitat

Bordas de florestas e matas secundárias com vegetação esparsa em terrenos secos. Anita, eu retirei esse detalhe do terreno seco por que eu o encontrei várias vezes em matas de galeria, em Goiás. Acho melhor a gente não colocar que a ave vive perto ou longe da água. O que você acha?

 Localidades

Poconé, Mato Grosso (6 ninhos), Alto Parnaïba, Maranhão (3 ninhos)

Período de reprodução

Outubro e novembro, em Poconé e em Alto Parnaíba

Ninho

É uma cavidade escavada no chão da floresta. A entrada geralmente contém alguns gravetos em sua borda e o interior do ninho é forrado por uma espessa camada de folhas secas. Em um dos ninhos, em Alto Parnaíba, identificamos folhas das árvores jatobá Hymenaea courbaril e mamoninha Mabea fustilifera.

Diâmetro da entrada do túnel de acesso ao ninho 7 cm a 12 cm (4 ninhos), comprimento do túnel 60 cm a 80 cm (4 ninhos), 150 cm (1 ninho); diâmetro interno do ninho 11 a 15 cm (1 ninho).

Um ninho ainda em fase de escavação foi encontrado por outros pesquisadores, em um barranco de uma estrada com pouco movimento, próxima ao rio Paraná, no estado do Mato Grosso. Segundo os autores da pesquisa, o casal se revezava na retirada de terra do túnel, que era cavado com os pés, alternadamente, em movimentos anteroposteriores. Eles relatam que dois meses após essas observações o ninho estava abandonado e em visitas subsequentes eles constataram que a cavidade não foi reutilizada³.

Outro registro foi feito por outros pesquisadores no Equador, quando eles observaram um adulto escavando uma cavidade de ninho a 35 cm de altura, em um barranco de 50 cm de altura, em uma floresta inundada fortemente perturbada ao lado de um rio¹.

Ovos

Postura de dois ovos (2 ninhos).

Incubação

Em um ninho de Poconé, encontrado em setembro de 2006, a incubação durou entre 17 e 20 dias. Este período é aproximado porque as visitas ao ninho não foram frequentes e nem sempre a iluminação utilizada para verificar o conteúdo do ninho permitiu uma boa visualização.

Ninhegos

Aos sete dias de idade, os ninhegos já chegam à entrada do ninho para implorar o alimento. Sua plumagem é preta, com uma área de pele clara ao redor dos olhos, e o bico é cinza claro.

Permanência dos jovens no ninho

Em Poconé, constatamos que a permanência dos filhotes durou entre 21 e 23 dias.

Comportamento geral

Move-se através da ramagem, a pouca altura ou no nível do solo e caça insetos ao longo de galhos e no chão. Suas presas consistem de uma grande variedade de espécies de insetos e aranhas. Anda aos pares ou em pequenos grupos de 3 a 4 indivíduos, inclusive na época da nidificação, quando foi observado que eventualmente tem um ou dois ajudantes no ninho.

Costuma vocalizar de madrugada, pouco antes do nascer do sol e também ao anoitecer. Em Alto Parnaíba, em 17 de novembro de 2003, em horário de muito calor, às 14:00 h, três adultos pousados em um galho, a 4 m do solo, vocalizaram juntos, demoradamente. Eles emitiam sons muito melodiosos. A chamada de alarme é uma nota estridente e aguda. Quando estão inquietos e desconfiados, balançam a cauda de um lado para o outro descrevendo um semicírculo.

Pesquisadores no estado do Mato Grosso, observaram essa espécie em bandos de cerca de seis a dez indivíduos. Os autores relataram que as aves permaneceram pousadas em galhos, a cerca de 5m de altura, enquanto procuravam presas. Quando avistaram lagartas no solo, investiram contra elas em voo rápido, pousando no chão, apanhando-as com o bico e em seguida levando-as até o mesmo poleiro onde estavam. Antes de ingeri-las, golpearam as presas contra o galho, provavelmente para desmembrá-las em

pedaços menores. Os pesquisadores também afirmaram que esse comportamento foi observado várias vezes e as lagartas capturadas tinham normalmente cerca de 4cm de comprimento³.

Esses mesmos pesquisadores, mencionaram que durante a abertura da cavidade do ninho, enquanto um dos adultos estava cavando, de frente para o barranco, o outro pousava em um galho próximo, a cerca de 2m de altura e ao menor sinal de ameaça iniciava uma vocalização curta, com poucas notas, que era prontamente atendida pelo outro indivíduo, que se retirava imediatamente do local. Passada a ameaça, o casal voltava às suas atividades, que se estenderam durante todo o dia, sempre com o casal se revezando. Segundo os autores, essa tática de vigília é bastante eficaz, uma vez que ao ocupar-se dentro do túnel, o indivíduo perde a visão à sua volta e se torna vulnerável ao ataque de predadores³.

Observações sobre o comportamento alimentar realizadas em Minas Gerais, por outros pesquisadores, mostraram que essa espécie caça em espera, permanecendo empoleirada por longos períodos, saindo do poleiro para capturar presas em voo e normalmente retornando ao mesmo ponto².

Os autores registraram a captura de 30 presas, desde o nível do solo até 6 m de altura. As aves obtiveram o alimento no folhiço do chão ou em meio à folhagem e troncos ou ainda em pleno ar, sendo que a maior parte das presas foi capturada no ar, entre 3 e 6 m de altura e no folhiço².

As presas predominantes foram insetos, com variações de tamanho entre 1 e 4 cm e prevalência de 2 cm. Os insetos predominantes em sua dieta foram borboletas e suas larvas (lagartas) e gafanhotos. Os autores mencionaram ainda que o tempo de manipulação da presa antes da deglutição foi de poucos segundos até mais de 15 minutos, mas a média de tempo foi de aproximadamente 5 minutos. Eles citaram uma ocasião em que uma borboleta de aproximadamente 4 cm foi capturada e manipulada no bico por cerca de 35 minutos e ainda assim não foi possível registrar se a presa foi consumida, uma vez que a ave voou para o interior da mata e não foi mais avistada².

Entre em contato com a autora para mais informações: info@avesbrazil.com