Rhea americana

General Informations

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Wingspan

Nests : location, seasons and description

Habitat

Vive em áreas abertas, tais como no Cerrado ou no Pantanal. Ultimamente também se encontra nas bordas de extensas culturas de soja ou de milho. É bastante comum nas áreas protegidas dos caçadores, mas fora dessas áreas se tornou bastante raro.

Locais de observação dos ninhos

Realizamos o acompanhamento de dois ninhos de Rhea americana, um em Alto Parnaíba, Maranhão, e outro em Poconé, no Mato Grosso.

Época de reprodução

Os ninhos que acompanhamos em ambos os municípios estavam ativos no mês de novembro, época de reprodução nessas duas diferentes regiões. Em geral, demais estudos evidenciam que o período reprodutivo dessa espécie se inicia entre meados da primavera e começo do verão5,6,9,12. Isso varia entre regiões e biomas diferentes, mas há registros de reprodução para R. americana desde o mês de setembro até dezembro5,6,12, sendo que algumas fêmeas podem realizar as últimas posturas em janeiro5 – como registrado em pesquisa no Rio Grande do Sul5. Apesar das variações regionais e sazonais, novembro é o mês com maior concentração de ninhos ativos no geral5,6,12.

Vale lembrar que início, fim e duração do período reprodutivo de R. americana dependem de uma série de fatores como densidade populacional, fotoperíodo e disponibilidade de alimento no ambiente2,4,8,9. Variações nesses fatores podem incidir diretamente em uma flutuação da época de reprodução, como encurtá-la, estendê-la ou interrompê-la9.

O ninho

Somente o macho é responsável por preparar o ninho e o constrói a partir de depressões encontradas diretamente no solo. Ele limpa essa área, raspa a terra e deposita materiais como folhas secas e penas, mas também outros recursos que encontrar no ambiente, como registrado em estudo realizado no Rio Grande do Sul, como ramos, ervas, palhas de aveia, trigo e milho, plástico ou papel5. Os materiais depositados formam uma coroa, sobre a qual as fêmeas depositam os ovos. Ao redor do ninho o macho cava um sulco, o qual é mantido durante toda a estação reprodutiva, a fim de se evitar que o ninho alague e também que seja atingido pelo fogo – pois funciona como aceiro5,12.

A partir dos dois ninhos que observamos em Poconé e Alto Parnaíba detectamos as seguintes medidas médias para R. americana: 130 cm de diâmetro externo e 60 cm de diâmetro interno. A profundidade da cova variou entre 1 e 5 cm. No estudo realizado no Rio Grande do Sul a pesquisadora registrou ninhos de até 180 cm de diâmetro externo, além de uma média de profundidade de 6,1 cm5.

Eggs and young

Os ovos

Observamos uma postura de 12 ovos, todos de cor branca esverdeada uniforme. O ovo de menor tamanho apresentava as seguintes medidas: 121,8 x 82,5  mm de tamanho e peso de 74,9425 g (12 ovos).  Já o maior ovo deste ninho tinha as seguintes medidas: 124,4 x 83,9 mm de tamanho e peso de 87 g. Ambos possuíam forma oval. Estudos realizados em diferentes regiões apontam que os tamanhos dos ovos da ema são variáveis. Em Minas Gerais pesquisadores indicaram uma média de 119,7 x 84,8 mm para 17 ovos encontrados em um ninho de R. americana1, enquanto que no Rio Grande do Sul os ovos variaram entre 126 e 155 mm de comprimento e entre 88 e 101 mm de largura, além de variarem de peso de 440 a 620 g5.

Uma fêmea pode realizar a postura de 10 a 18 ovos por período reprodutivo, sendo que várias fêmeas diferentes podem depositar seus ovos no ninho de apenas um macho5,6,9,12. Na região Sul uma pesquisadora observou que enquanto a fêmea realiza a postura, que dura entre 8 e 9 dias, o macho sempre se posiciona próximo do seu ninho5. Com isso um ninho pode conter 25 ovos em média, número que varia de acordo com o número de fêmeas no harém de um macho5,9,12. Logo após a postura esses ovos apresentam cor branca esverdeada, sendo que alguns dias depois passa a ter uma cor creme e ao final da incubação é totalmente branco, sempre com casca grossa, rígida e porosa5.

Incubação

O período de incubação dura entre 35 e 42 dias, ou seja, cerca de 5 a 6 semanas, cumprido exclusivamente por um macho9.

Os jovens

Apresentam plumagem bege e rajada de marrom escuro. Após cerca de 24 horas após a eclosão os filhotes já se colocam firmemente sobre as duas pernas e já dão os primeiros sinais de forrageio, caracteristicamente nidífugos12. Os pequenos são acompanhados pelo macho incubador desde sua eclosão até que atinjam a idade de aproximadamente 6 meses, quando se separam do macho e se juntam a outros grupos. Nessa idade já apresentam quase todos o tamanho de uma fêmea adulta, mas atingirão a maturidade sexual somente entre 2 e 3 anos9,12.

Filhotes órfãos podem perfeitamente ser adotados por machos que já estejam em período de cuidado parental de sua prole, por isso é comum identificar “creches” de emas filhotes formadas por indivíduos de idades diferentes12.

General behavior

Comportamento geral

Uma das principais caracteristicas dessa espécie é que o macho se encarrega de todas as fases do ninho e dos cuidados dos jovens até se tornarem independentes.

A ema, única representante da família Rheidae na América, é geralmente uma ave social que vive em bandos de 5 a 60 indivíduos, embora grupos de até 100 aves tenham sido registrados na natureza7. O tamanho dos grupos varia de acordo com a época do ano11. Grupos menores são observados durante a época reprodutiva, quando os machos reúnem de 2 a 15 fêmeas em seus haréns, após episódios de intensas disputas territoriais e sexuais entre eles5,11. Outros grupos são formados por jovens e demais adultos que ainda não atingiram a maturidade sexual durante esse período, enquanto que os grupos maiores citados acima são comuns fora desse período11. R. americana é uma espécie de ave poligâmica, tendo tanto a poliandria e a poliginia como características marcantes9,12. As emas são muitas vezes aves silenciosas, exceto durante a época de reprodução, quando os machos emitem um profundo som inconfundível “bu-up” ou “nan-du”.

Muitos estudos chamam atenção para o fato de que o abandono de ninhos por machos de R. americana não é algo incomum para a espécie. De um total de causas que incidem sobre a perda de ninhos, o abandono pode corresponder a uma taxa de 65%6. A maior parte dos abandonos se dá durante o período de postura, e pode também ocorrer durante a incubação, mesmo que em menor frequência6,9. Além do abandono, a perturbação sofrida pelos machos, ataques de predadores, a ocorrência de fortes tempestades, a passagem de colheitadeiras sobre os ninhos, tudo isso durante o período de incubação, também são fatores que influenciam a perda de ninhos1,8,9.

Quando perseguida por um predador essa ave tem o hábito peculiar de se abaixar entre os arbustos, deitando-se no chão e praticamente desaparecendo em meio à vegetação12,13. Apesar de seu tamanho a ema pode passar despercebida, despistando seu predador. Correr em ziguezague é outra maneira usada pelas emas para afastar os predadores, atingindo uma velocidade de até 60 km/h e mudando abruptamente de direção, mantendo o pescoço estendido para a frente em uma posição quase horizontal e levantando uma asa verticalmente12,13.

As emas são animais diurnos, geralmente calmos, que passam boa parte do dia forrageando e deslocando-se entre as paisagens naturais e alteradas pelo homem8,11,12. Em dias de calor extremo podem descansar mais durante o dia e alimentar-se ao cair da noite, quando as temperaturas caem e o clima fica mais fresco. Além de uma ave perfeitamente adaptada à vida terrestre, desprovida da capacidade de voar, curiosamente as emas são boas nadadoras e gostam de refrescar-se em lagos, brejos, além de até mesmo atravessarem rios12.

Sendo onívora e a maior ave das Américas, a ema pode ser encontrada nos Pampas, na região do Cerrado, Pantanal e em grandes áreas agrícolas, desde o sul do Pará, até as regiões Sul, Sudeste e passando pelo Nordeste, concentrando-se muito no Centro-Oeste3,9,12,13. É considerada uma ave residente em todas essas regiões10. Infelizmente e­sta espécie viu os números de sua população natural serem dizimados no Nordeste, Sude­ste e Sul do Brasil, principalmente devido ao crescimento de monoculturas como a soja, o milho e o trigo, e também Eucalyptus spp. e Pinus spp. Áreas de Cerrado e campos naturais estão sob forte pressão do agronegócio, o que força as populações de R. americana a tentar se adaptar a ambientes alterados. Estudos realizados em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e até mesmo em outros países, demonstram que as emas acabam por buscar áreas destinadas à pecuária tanto para forragear quanto para instalar seus ninhos1,2,4,8. Áreas com pasto para o gado bovino e de cultivo de alfafa, por exemplo, acabam por se tornar locais de estabelecimento de populações dessa espécie, que cada vez menos encontram os ambientes naturais em bom estado de conservação para sobreviver4,8.

Esses tipos de ambientes agropecuários são caracteristicamente mais abertos e com vegetação baixa, o que propicia uma maior visibilidade à ema, que frequentemente está em vigilância contra predadores2,8. Apesar desses ambientes rurais se assemelharem aos ambientes naturais de ocorrência de R. americana, a perda e alteração do habitat da espécie preocupa pesquisadores e demais pessoas ligadas à vida selvagem. Profissionais tentam reproduzir emas em cativeiro para a reintrodução de jovens na natureza, mas atentam à necessidade de se treinar esses filhotes para que respondam adequadamente a ameaças de predadores, por exemplo – o que não é nada fácil3. Além disso, fica a preocupação de se dispor desses filhotes para reintrodução diante de um cenário desfavorável de destruição ambiental quase sem controle no país. De nada adianta termos os filhotes e não termos os ambientes para reintroduzi-los.

Field notes

Entre em contato com a autora para mais informações: info@avesbrazil.org

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(Rhea americana) Greater rhea/Ema