Synallaxis infuscata

Habitat

Ocorre de preferência em bordas de trilhas ou clareiras no interior de áreas de floresta primária, mas também estabelece residência em áreas de floresta secundária².

Habita áreas de Mata Atlântica entre os Estados de Pernambuco, Alagoas e Paraíba^1,7,8. É uma espécie endêmica da região nordeste do Brasil, figurando entre as diversas com este status no Centro de Endemismo de Pernambuco (área de grande importância ecológica, que abrange os estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, lar de diversas espécies endêmicas)^4,6

S. infuscata é uma espécie ameaçada de extinção, porém beneficiada pela criação de UC’s no nordeste brasileiro, a exemplo da Reserva Biológica de Pedra Talhada, em Quebrangulo, onde as observações foram realizadas.

Locais de observação dos ninhos

Quebrangulo, Alagoas (36 ninho).

Epoca de reprodução

Localizamos  de 1 à 3 ninhos em cada mês do ano, excepto janeiro e decembro. A maioria dos ninhos se situava no inicio do periodo chuvoso de março à maio (13 ninhos) e perto do final do periodo chuvoso de agosto à outuro (15 ninhos).

 Ninho

O ninho e do tipo fechado em forma de bola.

A estrutura geralmente é mais alta do que larga: 9 ninhos apresentaram altura e largura médias de 39 cm e 26 cm, respectivamente. Encontramos também estruturas esféricas com altura de 30 cm e largura de 30 cm, além de outra muito achatada, medindo 25 cm de altura e 31 cm de largura. Um braço lateral abriga um corredor que dá accesso ao interior do ninho. O comprimento médio desse braço lateral é de 30,5 cm por 4 cm de diâmetro interno (10 ninhos). A câmara de incubação em si mede entre 9 e 11 cm, e é forrada com um aglomerado de folhas verdes lanosas (Asteraceae) colada com teias e ninhos de aranhas, o que acaba por dar um aspecto de um pedaço grosso de feltro.

Esse ninho é constituído majoritariamente por diversos gravetos lisos ou espinhosos. Diversos outros materiais vegetais e animais são incorporados para fortalecer a estrutura da construção.

Os ninhos podem variar entre 500 e 1.200 g, como observado em Quebrangulo, onde se encontrou sete ninhos pesando entre 500 e 700 g, além de dois ninhos com peso entre 900 e 1200 g.

O ninho geralmente esta bem escondido sob emaranhados de cipós e bromélias, em pontos que podem variar entre 0 a 7 metros de altura acima do solo. Em Quebrangulo foram observados : um ninho diretamente no solo da floresta, um ninho à 0,5 m, onze ninhos entre 1 e 2 m, quinze ninhos entre 3 e 5 m, e seis ninhos entre 7 e 8 metros.

Analyse de um ninho de 1200 gramas

Do total de 1701 gravetos : 820 gravetos medindo entre 2 e 10 cm, 610 entre 11 e 15 cm, 230 entre 16 e 25 cm, 36 entre 26 e 30 cm, 4 entre 31 e 40 cm, 2 entre 40 e 50 cm

Outros materiais: 40 folhas de árvores, 100 folhas de bromélias, 324 peças de cascas de árvores, 20 epidermes secas de serpentes.

Ovos

Postura de 2 ovos brancos (36 ninhos). Dimensões 22,3 x 17 mm, peso 3,1 g (30 ovos). Forma oval a oval pontiagudo.

Incubação

21 dias (2 ninhos), 22 dias (1 ninho).

Jovens

Os ninhegos recém-nascidos apresentam a cabeça com pele acinzentada e todo o corpo com pele rósea, além da característica cor amarela nos cantos do bico, olhos pretos e pernas castanhas. Aos 12 dias de vida já é possível observar uma plumagem de cor castanha na parte superior do corpo dos filhotes, pequenas assas cinzentas, apesar de a barriga permanecer nua e arroxeada. Nessa idade também é possível detectar a primeira mudança no bico dos filhotes, que passa a apresentar cor escura e contorno branco. As pernas passam a ter uma cor rósea amarelada um tanto pálida, com unhas brancas nos dedos dos pés.

Permanência dos jovens no ninho

14  dias (3 ninhos), 15 (3 ninhos), 16 dias (1 ninho) completar com base de dados ACT

Comportamento geral

O nome popular do tê-tê (ou tac-tac⁸) advém da maneira peculiar de seu canto, o qual consiste em uma série de três curtos sons perfazendo uma sessão de “tee-tee-tee” ou “ti-ti-ti”. Os indivíduos dessa espécie podem repetir essas sessões durante longos períodos em um dia, em qualquer época do ano.

Alimenta-se de insetos que captura em meio a arbustos, cipós, troncos de árvores, próximo do solo⁸, mas também diretamente no chão revirando as folhas na serapilheira e sob raízes na floresta. Quando observado em forrageio, é comum ver o tê-tê em casal⁸.

Esse casal é monogâmico durante toda a estação reprodutiva, sendo que ambos dividem as tarefas de construção do ninho, incubação dos ovos e alimentação das crias. A construção dos ninhos pode ser vagarosa, sendo que fêmea e macho levam geralmente de 20 a 45 dias para finalizar esse trabalho⁷. Pudemos observar dois casais que levaram até 60 dias para finalizar seus ninhos em Quebrangulo, Alagoas. Durante as fases de incubação dos ovos e alimentação dos jovens, os adultos de S. infuscata continuam a apanhar folhas que incorporam na estrutura externa do ninho, e algumas vezes também na estrutura interna.

Um dos comportamentos mais comuns do casal é a reforma e utilização do mesmo ninho no qual foi realizada a primeira postura. Em outras ocasiões o casal constrói um segundo ninho, podendo até mesmo utilizar materiais do ninho antigo, sempre próximo deste. O casal não realiza a segunda desova em locais distantes do ninho da primeira desova.

Entre em contato com a autora para mais informações: info@avesbrazil.org