Tiaris fuliginosus

Habitat

Vive em florestas úmidas, matas secundárias, capinzais, florestas em regeneração de queimadas, matas de encosta, brejos e bordas de mata^1,2,3,5.

Ocorre amplamente na América do Sul, no Brasil, sua maior ocorrência está nas regiões sul e sudeste do país, mas, esta ave também pode ser avistada de forma mais pontual nos estados de Pernambuco a Santa Catarina, Mato Grosso, Roraima, Minas Gerais e Piauí^1,2,4. Ocorre também em outros países como a Venezuela, Colômbia, Trindade, Guiana, Paraguai e nordeste da Argentina^1,2,3.

Localidade de observação dos ninhos

Quebrangulo, Alagoas (30 ninhos)

Época de reprodução

Em Quebrangulo, localizamos a maioria dos ninhos de março a maio (21 ninhos) e de junho à agosto (6 ninhos) o que corresponde ao periodo chuvoso. Dois ninhos estavam com filhotes na estação seca, em novembro (1 ninho) e em fevereiro (1 ninho).

No Brasil, não conseguimos informações sobre seu período reprodutivo na natureza. Em cativeiro estima-se que seu período de reprodução seja de outubro até maio, com seu pico nos meses de outubro e novembro⁶.

Em Trindade a espécie se reproduz de julho a dezembro e ocasionalmente no mês de maio. No nordeste da Argentina, o seu período reprodutivo é em agosto².

O ninho

Aproxima-se de um formato globoso ou esférico, com uma entrada lateral geralmente situado no emaranhado de folhagem e cipós. É construído de talos e folhas de gramineas secas, compridas e largas, que crescem na floresta; o interior é forrado com inflorescencia dessas mesmas gramineas.  As paredes são frouxamente tecidas, mas são bastante grossas na base e mais finas no topo do ninho.

O acesso ao ninho é geralmente livre, mas é camuflado com folhas secas penduradas naturalmente ou incorporadas pela ave.

A altura do solo é variável e mede de 0,3 à 0,5 m (3 ninhos), de 1,0 à 2,0 m (25 ninhos), de 4 à 5 m (2 ninhos).

Dimensões: altura externa 17 cm, largura externa também 17 cm, abertura da boca de entrada 4.5 cm, corredor de entrada de 3 a 4 cm, diâmetro interno do ninho 6 cm (30 ninhos). Peso: 12 g (1 ninho), 20 a 25 g (10 ninhos).

Outros pesquisadores constataram que as aves criadas em cativeiro também apresentam a aparência geral e os materiais usados semelhantes aos encontrados pela nossa equipe, mas, apresentam diferentes tipos de construção de ninho (4 tipos), é interessante destacar que um dos ninhos apresentava uma entrada falsa para proteção contra camundongos. A altura dos ninhos ficou entre 0,5 e 0,7 m⁶.

Os ovos

Posturas de 3 ovos (19 ninhos) e de 4 ovos (3 ninhos). O fundo pode apresentar as seguintes colorações: cinza, bege claro e branco, pontilhado com pequenos pontos marrom claro ou cor de ferrugem, formando uma coroa no polo redondo (24 ovos). Com dimensões de 18 x 13,6 mm e peso de 1,8 g. A forma dos ovos é do tipo oval a oval pontiagudo.

Outros pesquisadores acharam informações semelhantes^2,6.

Incubação

O período de incubação durou 12 dias (2 ninhos).

No Brasil, outros pesquisadores constataram que o período de incubação de T. fuliginosus em cativeiro durou de 11 a 13 dias, sendo semelhante ao encontrado na natureza.

Os jovens

Ao nascerem, apresentam a pele escura com uma penugem em pouca quantidade e fina na região occipital, superciliar e lombar. Bico bege, com as comissuras labiais amarelo-claro⁶. Garganta vermelha escura. Canelas, tarsos e dedos ferrugem claro. Perto de voo, plumagem, canela e tarso cinzento.

Permanência dos jovens no ninho

O período de permanência dos jovens no ninho durou de 12 a 13 dias (3 ninhos) e 14 dias (2 ninhos).

Outros pesquisadores constataram que os filhotes em cativeiro deixaram o ninho em um período entre 12 a 18 dias⁶. Sendo um período maior do que o observado na natureza.

Comportamento geral

Possuem dimorfismo sexual, o macho tem uma coloração preta que se assemelha a fuligem, bico escuro com uma pequena parte do canto vermelho alaranjada, já a fêmea é marrom, tendo a tonalidade mais escura em seu dorso e mais clara em seu ventre, com a parte superior do bico escura e canto e parte inferior de tonalidade amarelada, as patas de ambos possuem coloração escura². Em Quebrangulo o nome popular dessa espécie é cigarra, no restante do brasil é conhecida também como

Vivem em casal dentro da mata e se aventuram também nas bordas, podem ser observados com maior frequência em estações chuvosas e com associação a frutificação de taquaras (Poaceae)⁵.

São granivoros^6,9, alimentam-se principalmente de sementes de plantas da família Poaceae: Bambu Guadua chacoensis, Guadua ou Bambu-espinhoso Guadua trinii, Taquara Merostachys claussenni, Chusquea ramosíssima e Chusquea tenella^2,8. Também procuram pequenos insetos, frutos silvestres e gramíneas, a baixa e média altura do solo. O macho canta muito durante a período de nidificação. É uma estrofe curta e aguda, repetida várias vezes sucessivamente.

O casal constrói o ninho, a fêmea escolhe o local e inicia a construção do ninho, quando a estrutura está quase pronta o macho entra no ninho e o ajusta empurrando as paredes com seu bico, após esse momento, busca material para que a fêmea finalize a construção⁶. Somente a fêmea incuba os ovos. Durante esse tempo, o macho permanece próximo da fêmea, acompanhando-a quando ela deixa os ovos e ocasionalmente a alimenta. Outros pesquisadores também observaram esse comportamento⁶.

Os jovens são alimentados com frutas e insetos inteiros. Uma sessão de alimentação dura cerca de um minuto. Na maioria das vezes, é a fêmea quem alimenta os filhotes, mas, de tempos em tempos o macho também traz uma parte dos alimentos para os jovens.

Entre em contato com a autora para mais informações: info@avesbrazil.org