Todirostrum plumbeiceps

Hábitat

Vive em clareiras e na vegetação densa das bordas de florestas.

Localidade de observação dos ninhos

Quebrangulo, Alagoas – AL (17 ninhos)

Ninho

Tem o formato de uma bolsa alongada, construída pendurada em cipós (3 ninhos), em galhos pendentes de pequenas árvores (14 ninhos), dentro dos quais um cafeeiro (2 ninhos), um fumo bravo Aloysia virgata, Verbenacea (2 ninhos) e um mororó Bauhinia forficata, Fabaceae (1 ninho). Ninhos foram encontrados em diferentes alturas do solo: de 0,3 m a 1,0 m (8 ninhos) e de 1,4 m a 2,5 m (5 ninhos). Sua estrutura é mais espessa e mais curta que o ninho de Todirostrum cinereum, mas como nesta espécie, a abertura de entrada, localizada lateralmente na metade inferior da bolsa, é geralmente voltada para o tronco da árvore.

Para a construção do ninho, utiliza palhas de capim seco, nervuras de folhas, fibras de casca e outros fragmentos vegetais. O interior é revestido com fibras e palhas mais finas.

Diâmetro externo ao nível da câmara: 10 cm, comprimento externo total 25 cm, diâmetro da abertura da entrada 3,5 cm, comprimento da entrada 6 cm, diâmetro interno da câmara 4 cm, peso: 20 g (10 ninhos).

Em pesquisas realizadas no estado de Pernambuco, outros pesquisadores encontraram um ninho suspenso em uma área de mata secundária, a aproximadamente 20 m de um riacho intermitente, fixado pela parte superior e um pouco pela lateral, no ramo de um “cipó-uva” Cissus rhombifolia, Vitaceae, a 1,3 m acima do solo. O ninho era uma construção  bastante homogênea, tanto externamente quanto internamente e feito totalmente com gramíneas secas, incluindo lâminas foliares e algumas inflorescências. O material vegetal mais largo e longo estava revestindo a parte externa e o mais fino revestia o interior da câmara.

As medidas aferidas pelos autores foram: 26,65 cm de altura total, das quais 6,65 cm foram da cauda (que segundo eles era difícil de distinguir do restante do ninho), 8,5 cm de largura e 7,3 cm de profundidade. A parte interna mediu: 7,54 cm de largura e 10,2 cm de altura e 4,5 cm de profundidade.

Outra pesquisa de campo no sul do país observou um adulto entrando em um ninho em forma de cone pendurado a 1,2 m acima do solo, na vegetação de uma mata ciliar³.

Pesquisadores na Argentina mencionam que três ninhos observados por eles eram estruturas muito similares, fechadas, pendentes em formato de pera e com aspecto exterior desleixado. Estavam localizados em locais sombreados, presos na extremidade de galhos finos de um arbusto, de uma trepadeira e de uma árvore jovem de “cebil” ou angico Anadenanthera sp., entre 1,4 e 2 m do solo. Os ninhos eram construídos com fibras vegetais secas, incluindo tiras de folhas de junco e outras gramíneas, e internamente forrado com fibras mais finas, gavinhas e pelos de animais. A entrada era quase no meio do ninho, protegida por pequenos beirais. Na parte inferior de todos os ninhos havia materiais vegetais pendurados como uma cauda, com aproximadamente 20 a 30 cm.

Os ninhos medidos apresentavam as seguintes dimensões: 19,6 cm de altura, 9,2 cm de largura, 3 cm de diâmetro de entrada e 3 cm de comprimento do beiral. A câmara inerna  possuía 7,8 cm de altura por 4,3 cm de largura².

Ovos e postura

A postura média é de 2,2 ovos brancos, salpicados com muitas manchas finas, da cor de vinho, espalhadas por toda a superfície do ovo e formando uma coroa claramente visível no polo rômbico (13 ninhos). Forma oval.

Pesquisas do sul do país encontraram posturas de dois ovos brancos com manchas escuras³.

Pesquisas na Argentina evidenciaram as mesmas características ².

Incubação

O período de incubação é de 21 dias (1 ninho)

Ninhegos

Nascem com a pele marrom-escuro arroxeado, coberta com penugens esparsas, muito finas e acinzentadas. O bico é cinza, com as comissuras amarelas. Garganta amarela, tarsos e tíbias marrom escuro, dedos cinza e unhas brancas.

Permanência dos jovens no ninho

12 dias (1 ninho), 14 dias (1 ninho), 15 dias (4 ninhos)

Comportamento geral

Pássaro discreto que vive na vegetação densa, onde permanece a maior parte do tempo despercebido e em busca de insetos.

Sua vocalização é um trinado breve, que lembra vagamente um ruído emitido por um grilo ou um anfíbio, sendo, porém, mais grave.  Macho e fêmea participam de todas as etapas da nidificação.

Consta na literatura que é parasitado pela ave peixe-frito-pavonino Dromococcyx pauoninus, que põe seus ovos no ninho dos tororós, para serem incubados e para que seus filhotes ao nascerem, mesmo sendo muito grandes, sejam criados por esses pequenos pássaros⁴.

Entre em contato com a autora para mais informações: info@avesbrazil.org