Volatinia jacarina

Habitat

Espécie bastante comum no Brasil. Vive em paisagens abertas, tais como savanas, campos abertos, capoeiras, capinzais altos, pastagens e áreas agrícolas. Pode ser encontrado também próximo a habitações e nas margens de estradas^{6, 7}.

Locais de observação dos ninhos

Quebrangulo, Alagoas (18 ninhos), Arcos, Minas Gerais (18 ninhos), Altamira, Bahia (1 ninho).

Época de reprodução

Em Quebrangulo, seu período reprodutivo vai de maio a junho, já em Arcos-MG foram registrados ninhos nos meses de janeiro e fevereiro. Em ambas essas localidades esses meses correspondem ao meio do periodo chuvoso.

Outros pesquisadores citam que essa espécie possui um período de reprodução muito amplo, podendo reproduzir em qualquer época do ano ⁷.

Ninho

Construído em formato de tigela (copo fundo-copo raso seguno outros), com paredes finas e transparentes, mas resistentes, feitas de caules de capim e raízes muito finas.

Em alguns ninhos, teias de aranha eram incorporadas na estrutura externa. Normalmente pendurado em uma pequena forquilha vegetal, e as vezes suspenso entre três ou quatro caules, ou sobre no meio de um tufo de capim. A uma altura de 30 a 50 cm acima do solo, com as seguintes dimensões: diâmetro externo 7 cm, diâmetro interno 4,5 cm;  altura externa 4,5 cm ; altura interna 3 cm (9 ninhos) e peso de 2 g (1 ninho). Em uma pesquisa realizada por outros pesquisadores em Brasília, foram registrados ninhos com dimensões semelhantes às que encontramos,

Análise de um ninho de 2.6 g de Quebrangulo:

Elementos externos: 350 raízes finas de comprimento de 2 a 29 cm, 25 veias foliares de 8 a 10 cm, numerosos fragmentos de teia de aranha.

Elementos internos: 7 inflorescências de gramíneas, 2 longas crinas de cavalo.

Ovos e posturas

Postura de 2 a 3 ovos (30 ninhos). Os ovos apresentam fundo branco ou azul-esverdeado claro, fortemente manchado com marcas marrons, mais concentradas no polo arredondado onde às vezes formam uma coroa. Dimensão: 16,8 x 12,7 mm, peso de 1,3 g (15 ninhos). Forma oval. Outros pesquisadores encontraram informações semelhantes a essas ^{1, 6, 7}.

Incubação

De 11 a 13 dias (3 ninhos).

Na literatura, outros pesquisadores citam que o período de incubação dessa espécie é curto, sendo de 9 a 11 dias^{1, 6, 7}.

Jovens

Ao nascer, a pele é escura por cima e castanha-avermelhada na barriga. Apresentam alguns raros tufos de penugem cinza. Bico cinza escuro com comissuras labiais amarelo-ouro. Garganta com uma coloração vermelha bastante intensa, ponta do palato e contorno da língua amarelo, com a traqueia esverdeada. Tíbia escura, com tarsos e dedos dos pés com coloração rosa claro.

Permanência dos jovens no ninho

De 10 a 11 dias (82 ninhos).

Outros pesquisadores registraram um período de permanência dos jovens no ninho de 9 a 10 dias ^{1, 7}. Depois de deixar o ninho, os filhotes foram observados nas proximidades sendo alimentado pelos pais durante um período de 4 a 5 dias¹.

Comportamento geral

Alimenta-se principalmente de sementes de gramíneas, insetos, bagas e corpúsculos de imbaúba Cecropia sp.⁶. Forrageiam próximo ao solo, onde agarram-se a caules ou folhas para alcançar inflorescências e sementes de gramíneas. Também habita campos cultivados de soja, arroz e outras plantas com sementes relativamente pequenas.

Fora da época de reprodução são migrantes parciais, com movimentos erráticos, formam grandes grupos de algumas dezenas a algumas centenas de indivíduos, muitas vezes misturados a outras espécies de granívoros⁶. Em regiões mais meridionais, como no estado de São Paulo desaparece durante o inverno⁷.

No início do período reprodutivo, o macho se envolve em um curioso ritual de corte. Ele movimenta-se de um poleiro para outro, de preferência baixo, ele salta 30 ou 40 cm de altura, com uma ampla batida de asas, emitindo seu grito “Tis-ziu”. Durante esse movimento, ele exibe a parte inferior prateada da asa, que forma um belo efeito de um redemoinho de cor azul escuro e prateado. Estes saltos são repetidos a cada 2 a 3 segundos, durante vários minutos ou mesmo horas, intercalados com curtos intervalos para alimentação.

Um estudo realizado por outros pesquisadores revelou que os machos que encontraram uma companheira pulavam significativamente mais alto durante o comportamento de display, quando comparados aos machos que não conseguiram formar um casal⁴.

O ninho é construído pelos dois adultos, mas apenas as fêmeas chocam os ovos. Ambos os pais alimentam os filhotes com sementes de capim e insetos.

Outros pesquisadores registraram que depois de deixar o ninho, os filhotes ficam nas proximidades sendo alimentado pelos pais durante um período de 4 a 5 dias¹.

Pode acontecer de vários casais nidificarem próximos uns dos outros quando encontram uma área propicia para nidificação.

Um fato curioso para essa espécie é que, diferente do que muitos pesquisadores acreditavam ela não é monogâmica ^{3, 4, 5}. Estudos moleculares mostraram que existia poligamia entre os indivíduos dessa espécie. Em particular, em 7 dos 11 ninhos analisados (63%) não foi possível atribuir a paternidade dos filhotes ao pai que frequentava o ninho, demonstrando assim uma paternidade extra-par².

Entre em contato com a autora para mais informações: info@avesbrazil.org